Outono Folk - Parte 2
Os jovens sentados no chão olhavam para Lary atenciosamente. O garoto começou a tocar os acordes de Dó seguido por Fá, Sol e novamente Fá e então começou a cantar. Sua voz era grave e rouca, porém suave.
“Apenas tentei te avisar
Que não era para ter medo
De ser quem você é
Sempre busquei inspiração em seu olhar
Que me faz lembrar o outono
Seja a fina chuva fria
E saia de casa, aproveite o dia
Deite nos campos ao céu
E deixe o vento te abraçar
Sempre busquei inspiração em seu olhar
Que me faz lembrar o outono
Me faz lembrar o outono”
Quando Lary terminou de cantar os jovens em sua frente estavam admirados. Eles bateram palmas. Lary escutou frases como “Muito bom!” e “Que música linda!” entre outras. O ego do garoto estava aumentando; as garotas o olhavam com sorrisos no rosto e os garotos demonstravam seu respeito. Ele levantou-se e caminhou até Joseph. Este lhe ofereceu um copo de vinho.
- Mandou bem, amigo – disse Joseph. – Estávamos precisando de algo assim.
- É bom saber que existe pessoas que admiram uma boa música – disse uma garota. Seus cabelos eram negros e brilhantes e os olhos castanhos observavam Lary.
O garoto sorriu.
- Que falta de educação a minha em não ter apresentado minha amiga – disse Joseph. – Esta é Alice.
Os dois apertaram as mãos.
- Sabe, - Joseph continuou. – Seria bom se em todos os fins de tarde fizéssemos algo como hoje. Abrir espaço para os que queiram mostrar sua música para o mundo. O que acha Lary?
- Eu acho ótimo. Estava pensando a mesma coisa. Vamos fazer disso uma espécie de tradição de outono.
Joseph pareceu empolgado.
- Ótimo. Quando eu chegar a minha casa, vou ensaiar algumas músicas minhas para tocar amanhã. Irei falar para os outros fazerem o mesmo se quiserem.
Em volta deles os jovens conversavam. Dividiram-se em grupos, porém não fazendo com que a ligação especial que estavam entre eles se desfizesse.
- Eu já compus algumas canções. – Disse Alice. – Mas não sei se teria coragem para cantá-las na frente de tantas pessoas. Sei que para vocês parece pouco, mas...
- Não pense assim – disse Lary. – Tenho certeza que sua música é ótima e sua voz é linda. E se não for, eu posso ajudá-la com o que quiser.
- Sério? – Ela perguntou. Seus olhos estavam brilhantes.
- Sim. É só marcarmos um dia.
A tarde se seguiu com mais música. Lary deixara suas outras canções autorais para serem cantadas em outras agradáveis tardes que haviam de vir e por isso tocou músicas de artistas da época como Joan Baez e Jhon Denver. Os jovens cantavam e se divertiam. Quando a noite começou a se tornar mais densa, eles começaram a ir para suas casas. Era difícil algum deles não ir embora com sorrisos no rosto e com vontade de criar suas próprias músicas.
Aquele outono realmente estava sendo diferente. Quando Lary Davis caminhava rumo à sua casa, já um pouco embriagado por causa do vinho, não soube se imaginou ou escutou de fato sons de violão e vozes que ainda precisavam ser moldadas vindas de uma janela de um prédio. Naquele momento, ele esperava acima de tudo que não fosse apenas sua imaginação.
Ele sabia que não era, pois o outono está ali, explicito e concreto, vagando pelas ruas e soprando seu vento inspirador naqueles que quisessem aceitá-lo.