Além da lenda...
O bom das lendas, é que nada se precisa provar e que basta nelas fingir acreditar. Pois ia esse moço pelas estradas da Galiléia, traje singelo, sandálias empoeiradas mas olhar meigo sob a aba do chapéu, sob o sol da tarde, que inda arde, calor do céu.
Passando por uma cercania de excluídos, destituídos e banidos, parou à frente de uma choupana, pediu água e algo de comer, se algo houvesse. Foi atendido
por uma família solícita que o convidou a entrar, sentar-se à mesa tosca e que, compadecidos de seu estado, ofereceram-lhe o único bem de que dispunham, um frango de quintal.
Emocionado com o aconchego, o passante fez contudo questão de pedir que as penas da ave lhe fossem dadas, acomodando-as sob o chapéu, que descansou, suado, a seu lado, naquele chão, limpinho - e vincadinho.
Juntos todos, pai, mãe, filhos e o visitante, saborearam o franguinho em clima de
congraçamento e alegria e ainda serviram ao radiante visitante o pouquinho do que restava de café, quiçá de Genezaré.
O moço, de coração agradeceu, tomou o chapéu e partiu, rumo ao céu. E daquelas penas, mais robusto, que bom susto, ia surgindo outro frango, a cada rango.