Uma Viagem Alucinante

UMA VIAGEM ALUCINANTE

Passado o vendaval lanço um olhar para trás, tentando descobrir onde tudo começou. Tenho dificuldades de visualizar a entrada do terreno movediço pôr onde me enveredei pôr todos aqueles anos até dar de cara com terra firme.

Creio que vou precisar recorrer ao tempo/espaço continuo de Einstein para descrever esta viagem tumultuada e insólita através de um Universo Paralelo tão estranho quanto o de Kafka.

Quem sabe este relato não possa referenciar outros caminheiros que, tentando percorrer os mesmos caminhos, se poupem das armadilhas com que me deparei nesta empreitada pôr não dispor de um mapa seguro.

Lá estava ela, uma cela perdida no nada. Olhando através da grade da estreita janela observei um personagem degenerado, sujo, cabelos desgrenhados.

Amarrado em grossas correntes tenta desesperadamente se livrar delas. Seu olhar, mais do que de um animal selvagem, se aproxima do de um demônio das trevas. Dá a nítida impressão de um reservatório de energia subatômica preste a explodir.

A impressão é tão assustadora que qualquer aproximação é bloqueada pelo medo.

Quem será este ser repugnante, ao mesmo tempo tão forte e descontrolado, a ponto de merecer tal prisão?

O mais estranho é que o material que reveste a cadeia parece emanado do seu próprio prisioneiro, qual teia que aprisionasse sua aranha.

Aquele embate que se trava entre o prisioneiro e sua cela numa Zona fantasma qualquer produz fagulhas e estilhaços que atravessam a barreira entre dois mundos.

Este fenômeno provoca um desequilíbrio no Universo, uma partícula afetando o Todo Universal, que entra e permanece em colapso constante. É o caos em equilíbrio.

Em um planeta distante brilhos fugazes são disparados através de uma abobada transparente e azulada que protege a sala de controle de “Centra”. Aquelas emissões nada mais são que raios de altíssima freqüência, carregados de informações codificadas , que interferem continuamente no caos, mantendo seus equilíbrio dinâmico.

Daquele ponto da galáxia o agente espacial Zuriack se prepara para a passagem : “Zuriack, se apresente imediatamente”, soa a voz trovejante de Trino, o comandante de Centra.

Um personagem estranho entra em cena. Veste-se com uma espécie de armadura prateada e colante e um capacete hermético.

O agente Zuriack sai de um compartimento contíguo à sala de controle, caminha a passos firmes para a cabina de passagem “espirotrônica “, se instala calmamente na cabina, desaparecendo num brilho intenso e fugaz.

Leandro caminha lentamente através da ponte, rumo à cidade escura. Sua sombra se projeta como um espectro no asfalto molhado.

Águas turvas passam pôr baixo da ponte, carregadas de detritos. Leandro toma consciência ali de sua memória que o persegue com sua própria carga de dejetos acumulados.

Tentando afastar pensamentos sombrios passa a mão pela testa molhada de chuva e suor. Olha a paisagem à sua volta, tenso, instinto aguçado, nervos à flor da pele. Seu olhar expressa angústia e medo. Dúvidas e mais duvidas varrem continuamente seu cérebro febril.

Perguntas se sucedem e se acumulam. Leandro é a imagem do espírito humano envolvido em uma crise existencial constante e sem limites.

Este é o seu destino, uma busca sem fim.

JB DRUMMOND

João Drummond
Enviado por João Drummond em 13/04/2007
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