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Terra de Escritores


Era uma vez um reino perdido  (ou deveria dizer um reino encontrado?) Onde viviam muitas pessoas cheias de pensamentos e sentimentos guardados em gavetas; era tradição naquele reino (des)encantado que não se demonstrasse sentimentos ou pensamentos em público. Pelo menos, não os mais íntimos. As pessoas, na dúvida sobre o que seriam pensamentos íntimos ou não tão íntimos assim, não partilhavam coisa alguma. 

Portanto, aquele distante reino perdido-encontrado-(des)encantado era um tanto silencioso.

Até que um belo dia, alguém ergueu da multidão a sua cabeça, e disse: "Não concordo!" Todos ergueram também suas  cabeças, encarando aquele infeliz sujeito com seus olhos de rapina. Esperavam que ele se retratasse, mas ao invés disso, ele apenas continuou repetindo a mesma frase: "Não concordo! E não concordo com isto, e com aquilo, e com aquilo outro..." De repente, uma outra pessoa destacou-se da multidão, dizendo: "Eu também não concordo!" E assim, mais e mais pessoas começaram a dizer que também não concordavam, e com o quê não concordavam.

Em breve, as pessoas que não concordavam começaram a colocar suas ideias no papel, e muitos os consagraram como escritores. Aqueles que não tinham jeito para tal ofício, tornaram-se os leitores. 

Muitos anos se passaram, e as prateleiras das casas foram enchendo-se de livros. Quando alguém escrevia e publicava alguma coisa nova, logo a multidão juntava-se nas livrarias a fim de adquirir as novas ideias, que chamaram de 'cultura.' Alguns, para divertirem-se, começaram a escrever usando uma técnica que consistia em contar as sílabas das palavras, fazendo com que ao final de cada frase (que nomearam 'versos') elas tivessem o mesmo som. Surgiram os poemas e os poetas, é claro. E como aquele estilo era totalmente diferente da escrita regular (chamada de 'prosa' em referência ao caráter dos escritores tradicionais), logo tornou-se a nova arte: a poesia!

E os poetas poderiam passar anos e anos escrevendo e reescrevendo poemas... juntavam-se em saraus, onde fingiam escutar o que os outros recitavam, mas na verdade, só tinham ouvidos aos próprios poemas. Mas o que importava, é que ao final de cada leitura, havia os aplausos!

Mas o tempo foi passando, e com ele, surgiu um novo meio de publicação: a internet!

Logo, a publicação virtual começou a ganhar espaço, e até mesmo aqueles que antes ocupavam apenas a categoria de leitores, passaram a escrever suas ideias e registrá-las em blogs. Em pouco tempo, alguém pensou: "Por que não criar uma livraria virtual, onde todo mundo pudesse publicar seus livros?" No início, houve muita resistência a tal ideia, e as livrarias virtuais quase não eram visitadas pelos leitores, apesar de se encherem de escritores cada vez mais.

Enquanto isso, as livrarias que vendiam livros de papel tiveram que adapatar-se à nova realidade, e passaram a ser livrarias virtuais,  também por uma questão ambiental; é que as árvores naquele mundo tristonho estavam tornando-se cada vez mais raras, e os governos proibiram que os livros de papel continuassem a ser produzidos.

Aconteceu então um interessante fenômeno: todos tornaram-se escritores. De repente, todas as pessoas daquele reino (des)encantado tinham alguma coisa publicada! E eram cada vez mais incentivados a publicar suas histórias e poemas nas livrarias virtuais; só que aqueles que diziam o quanto eles eram geniais, dando-lhes incentivo e enchendo-os de elogios, não compravam os livros, embora eles mesmos também os produzissem.

E as livrarias virtuais foram todas à falência, pois não existiam mais leitores. Ninguém comprava os livros que se acumulavam nas prateleiras virtuais.

E foi assim que alguns escritores, desiludidos, mudaram-se para cavernas escuras, onde passaram a escrever  suas histórias nos tetos e paredes.

Acho que é o fim da história, por enquanto... ah, falta dizer que o mundo sem escritores não acabou, o que os deixou ainda mais furiosos.


Ps: Este texto foi descaradamente plagiado das escrivaninhas de Niuma Pessoa e Celso Panza - o que significa que EU plagiei! Hellooo!


Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 23/08/2013
Reeditado em 24/08/2013
Código do texto: T4447945
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