OVNIs
Seu Alceu era o amigo do meu pai, desde quando meu pai era pequeno. Era conhecido por suas estórias. Todos sentavam na porta de sua casa e ficavam escutando o que a mente de seu Alceu proporcionava de melhor. Uns com a calopsita dele no dedo, outros brincando com o papagaio e o resto brincando com seu cachorro, mas todos escutando o que seu Alceu contava. A hora era marcada, toda tarde às 18:30 nos reuníamos para contar o que vinha em nossa cabeça. Da última vez que fomos lá, nos contou sobre OVNIs, afirmava ter visto um na noite anterior e o descreveu perfeitamente. Contou, também, que os OVNIs têm o poder de abduzir-nos e que era, sim, possível. A conversa terminou quando o ponteiro se aproximava das 22:30. Apesar de querer ficar para escutar mais sobre, eu tinha escola no dia seguinte, me apressei, me despedi de todos e fui para casa. Ao deitar, comecei a pensar no que seu Alceu havia dito, e por um segundo, me arrepiei de medo. Dormi. Mais cedo, fui à escola e quando voltei para casa, todos comentavam sobre o seu Alceu, alguns diziam que ele estava morto dentro de casa, outros diziam que ele havia sido abduzido. Fiquei assustada e fui para casa, avisar à minha mãe, que já sabia do que tinha acontecido. Algumas pessoas diziam que ele estava morto desde a madrugada. Eu estava simplesmente chocada! Meu pai chorava muito, também, pois seu Alceu era como um pai para meu pai. Enfim, acordei deste pesadelo horrível. Fui para escola e o dia fluiu bem, na volta para casa, olhei para a casa de seu Alceu, que estava com as janelas e portas abertas, o Max, seu cachorro, corria de um lado para o outro e eu pude perceber o quanto seu Alceu tinha bom gosto, pois escutava Djavan. Como eu estava com muita fome, não parei para contar meu sonho e fui para casa. Cheguei em casa e fui lanchar, tomar banho e fazer minha lição de casa. Deu 18:30 e fiz o de sempre: botei uma roupa e fui para a casa de seu Alceu, escutar mais uma estória magnífica do meu novo avô. Quando me aproximei do portão, uma multidão em frente à sua casa conversava com a mão na boca, outros olhando para dentro de sua casa e Max, agora, roía seu osso, quieto, no canto. Perguntei o que estava havendo e me deram a notícia: seu Alceu havia desaparecido e tinha grande probabilidade de abdução. Fui para casa sem querer saber se era verdade ou não, bem que disseram que quem conta o sonho antes, acaba evitando que aconteça. O equívoco de seu Alceu foi ele acreditar muito nessas coisas de OVNIs.