A incidente infeliz - In Contos Elegíacos

Era tardezinha, o carro voava pela estrada; o esposo diligente ao volante a esposa pensativa ao lado. O carro veloz do sempre, pé de chumbo, repentemente.

- Querido, você está saindo da faixa.

Gesto instantâneo e primitivo; o virar o volante em direção contrária; o carro não obedecendo; derrapando-se, saiu da rodovia; capotou três vezes e parou. Sortemente, estávamos com o cinto de segurança e o carro parou; rodas seguras no chão; o espelho da frente trincou-se, porém não quebrou; a janela do motorista, nesta o vidro de todo inteiro quebrou-se.

Instantemente, chegaram-se ambulância, guinchos, polícia rodoviária. uma turbamulta em torno de minha esposa e eu. Assimente, minha esposa em uma maca foi levada por homens de jalecos brancos, que para meu desespero não me deram a devida atenção, ignorando a minha desesperada atenção à minha esposa.

Interroguei-os, gritei, bradei perguntas cujo silêncio foi a única resposta.A polícia rodoviária, no entanto, questionando-me, preenchendo inúmeros formulários. Vi minha esposa partindo em uma maca rumo a uma ambulância e no longe se perdendo.

Desesperei-me, queria ir com ela, quando um policial gritou-me :

- Teu destino e de tua esposa foi selado nesta rodovia. Acalma-te. Guarda forças para o que há de vir, pois este momento não há de passar. Pensarás e logo estarás aqui a revivê-lo até que compreendas.

Estacionei-me, embasbacado. Chuvinha fria, fina caía-me molhando-me

até os ossos. Minha esposa, no distante, se fora. O carro lá embaixo à beira da ribanceira que seria nossa morte. Não acontecera, pois, a morte. Tinha-o eu certeza.

No contudo, das vezes, entretanto, os guinchos, as ambulâncias, os policiais rodoviários foram-se, sem o saber eu para onde.

Parado em frente a rodovia; estava eu perdido sem compreender porque eu não fora levado à delegacia de policia ou ao hospital. Estava sozinho. Completamente sozinho. Lágrimas teimosas escorreram-me dos olhos.

Repensei tudo o que havia acontecido e ouvi a mesma voz do policial rodoviário dizendo-me:

- Teu destino e de tua esposa foi selado nesta rodovia. Acalma-te. Guarda forças para o que há de vir, pois este momento não há de passar. Pensarás e, logo, estarás aqui a revivê-lo até que compreendas.

Ouço minha esposa dizer :

- Querido, você está saindo da faixa.

De novamente, vejo os mesmos acontecidos : o carro a fugir da faixa; atravessar a rodovia; capotar três vezes no acostamento; parar à frente de uma ribanceira.

Cá, agoramente, estou de novo na chuva fria e fina vendo minha mulher partir na maca. Desesperado quero ir junto,mas não me permitem.

Procurei em vão auxílio entre parentes,contudo, por mais fosse meu desespero, ninguém ouvia-me, ou parecia ver-me. O desespero torna-se insano.

- Como ninguém me ouve ou me vê ??? Como ninguém percebe meus lamentos, minha dor. estou falando com vocês !!! Por que me ignoram ??

Onde está minha amada esposa ??.

Simultaneamente à pergunta, lá estava eu em frente à rodovia vendo minha esposa ser levada em uma maca para a ambulância. O policial rodoviário a repetir

- Teu destino e de tuas esposa foi selado nesta rodovia...

Lembrava-me por inteiro o dito e lá estava eu, novamente frente à rodovia assistindo como expectador meu próprio acidente. Colava-me em mim, ainda, o que o policial rodoviário dissera :

- ....Acalma-te. Guarda forças para o que há de vir, pois este momento não há de passar...

gerson chechi
Enviado por gerson chechi em 10/08/2013
Código do texto: T4428110
Classificação de conteúdo: seguro