PRAZER E PERDIÇÃO
Ansioso, ali aguardava alguma inspiração. Sentado e quieto ficou a observar o ambiente abafado, esfumaçado, pouco iluminado, mas bem freqüentado.
Observava atentamente o ambiente quando vislumbrou algo de seu desejo, aquilo que traria algum refrigério ao seu corpo e espírito, observou, gostou, inspirou fundo, contou seu dinheiro, chamou a responsável pelo recinto e solicitou:
– Por favor, quero uma daquelas, lá! - Apontando para a mesa do fundo.
A atendente indagou:
– Queres curtir com a brasileira ou a polaca?
Ele respondeu:
– Quero a Polaca! Obrigado!
Ele esfregou as mãos e aguardou ansioso, como um garoto em seu primeiro encontro.
Com grande alegria, viu quando ela, como que trazida em uma bandeja de prata, veio gingando lentamente em sua direção pelas mãos da atendente. Emocionado, abriu um belo sorriso e agradeceu...
Estendendo as mãos trêmulas, sorriu e acomodou-a cuidadosamente a sua frente. Sem nada dizer se pôs a admirar suas formas desejosas.
Seu lindo corpo sinuoso, longo, em formato roliço, semi-vestido em um tecido claro e macio, colado ao corpo úmido deixava transparecer um pouco do seu interior carnudo. Ansioso, sem muito pensar, logo a segurou com carinho e levou-a para o seu local preferido.
Já em seu íntimo, sobre seu corpo sentiu cristais gélidos cintilantes, flutuando em etanóis mais que profanos. Eles rolavam loucos no giro do vórtice, sustentado pelo movimento vigoroso e alternado da longa verga rija, rosada que, em evoluções mais profundas, torturava a vegetal essência, até reduzi-la a um líquido melífluo multicor.
O seu corpo translúcido, ainda seguro pelas suas mãos vacilantes, ia sendo sorvido em seu íntimo por longos e prazerosos beijos glaciais, tudo em meio a um perfume estonteante, este que, exalado de suas entranhas provocaram incontáveis prazeres alucinantes. Foi até o fim. O prazer já totalmente consumado foi marcado por um último beijo longo e adocicado.
As mãos, agora firmes e suaves, já sentindo saudades do imenso prazer recebido, conduziram seu leve corpo, em seu traje, agora amassado, rasgado e suado, a descansar em seu macio leito redondo.
Ainda sentindo nos lábios o prazer do último gole, paga a conta, levanta-se e caminha para fora do bar, deixando sobre a mesa o pouco que restou daquela saborosa batida de caju, fruto de um profundo e inesquecível prazer.