As criaturas chamadas de sereias ( IV )
Viviam no mar. Eram criaturas livres e alegres.
Muito curiosas, viam de longe aquele pedaço de rocha espalhado muito além e queriam saber mais sobre os denominados como - seres humanos.
Muito tempo antes, uma das irmãs havia ousado ir até à praia, no momento em que pisara no solo, se transformara em um ser humano comum.
As outras irmãs, não querendo esse destino, decidiram atrair um ser para elas.
Cantaram seus sortilégios dias e noites seguidas, até que um jovem rapaz ouviu suas melodias e envolvida na magia não resistiu. Nem mesmo o amor quebrou o encanto. E com bravura e juventude navegou todos os mares, conheceu suas criaturas, trocaram histórias e conhecimentos e os anos desapareceram no tempo.
Nesse ínterim, as belas criaturas avistaram e reconheceram a triste figura da jovem enamorada esperando a volta do amado...a conheciam.
Amigas do mar e conhecedoras de sua ânsia pelas almas humanas que tentavam atravessá-la, pediram então que poupassem um humano, o melhor, com um coração grande o suficiente para encobrir o amor da jovem.
E assim foi feito. De um naufrágio elas retiraram aquele homem quase morto, e o depositaram nas ondas rasas daquela praia...para "ela".
O tempo inexiste para as sereias, como o marinheiro as chamavam, ao contrário dele, que se viu velho e se lembrou do passado em terra.
Navegou de volta, fazendo se de surdo aos apelos de suas companheiras marinhas, e encontrou tudo diferente. Havia passado muitos anos terrestres. Não havia mais nada para ele.
Chorou e rogou pragas...
Talvez por ouvirem tantos anseios, por se sentirem responsáveis, por quaisquer que sejam as razões, as sereias o transformaram naquela árvore estranha, que fazia uma pequena sombra e quando soprava uma brisa, suas folhas levavam as lembranças do mar aos ouvidos da irmã perdida.
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