CAMINHO DO PRAZER
Você passou por vicissitudes, desencantos e tristezas. Foi vítima de um estupro, com apenas cinco anos. Viu o agressor morrer sobre seu corpo, vitimado por tiro certeiro de seu pai.
Mas os anos põem bálsamo nas cicatrizes. Agora, você é uma mulher feliz. E grande parte disto deve ao homem que foi um prêmio na sua vida. Casada, três filhos, marido bom e trabalhador.
No entanto, alguma coisa não vai bem. No início, você custa a se dar conta. Nem sabe como começou. Era sutil, talvez. Como um filete d’água que vai engrossando, até virar um córrego, continuar o trajeto e jorrar numa cachoeira, num grito da natureza. Assim. Uma fúria dentro de você, um ferver de sangue, um tremor da carne. Já não há como controlar.
Quando a olhavam, já não virava o rosto. Até incentivava. Pintava-se com cuidado, mudou o modo de vestir, procurando realçar os contornos do corpo. Seu marido elogiando o bom gosto. Respondia que assim se cuidava para agradá-lo. Ele sorria. E você nem remorso. Nem vermelha ficava.
Agora você percebe como foi longe. O marido fazendo serão, você fazendo horas extras. Mas não no trabalho. Era um jogo de artifícios. Primeiro foi com um vizinho, depois com o esposo da melhor amiga, seguido pelo açougueiro, o jornalista, o funcionário público, o empresário. Depois, já não lhes conhecia nem a profissão, o nome, o estado civil, a idade. Nem mesmo quantos por dia.
Você sente um desespero. Você promete parar. Você olha para seu marido, para seus filhos. Você chora. Você jura. Mas, no dia seguinte, tudo se repete. É um prazer que lhe faz vibrar a carne, pulsar as veias, gotejar sexo pelos poros.
Perde o controle, o cuidado, a discrição, já não sabe parar nem pedir ajuda, que alguém a socorra.
Então, num ato de desespero, você quer esquecer, mudar, embriagar-se. Pior. Afunda mais e mais. Somente para com o acidente.
Os meses no hospital, o tratamento, enfim a cura. Você feliz, caminhando de cabeça erguida, sem mais culpas, sem mais desejos, até...
Até a festa de noivado da sua irmã mais moça, cinco anos depois. Você abraça o noivo. Sente um frêmito. O calor do corpo rijo. Ele acariciando seu seio, você puxando-o para o quarto, no andar de cima.
Você passou por vicissitudes, desencantos e tristezas. Foi vítima de um estupro, com apenas cinco anos. Viu o agressor morrer sobre seu corpo, vitimado por tiro certeiro de seu pai.
Mas os anos põem bálsamo nas cicatrizes. Agora, você é uma mulher feliz. E grande parte disto deve ao homem que foi um prêmio na sua vida. Casada, três filhos, marido bom e trabalhador.
No entanto, alguma coisa não vai bem. No início, você custa a se dar conta. Nem sabe como começou. Era sutil, talvez. Como um filete d’água que vai engrossando, até virar um córrego, continuar o trajeto e jorrar numa cachoeira, num grito da natureza. Assim. Uma fúria dentro de você, um ferver de sangue, um tremor da carne. Já não há como controlar.
Quando a olhavam, já não virava o rosto. Até incentivava. Pintava-se com cuidado, mudou o modo de vestir, procurando realçar os contornos do corpo. Seu marido elogiando o bom gosto. Respondia que assim se cuidava para agradá-lo. Ele sorria. E você nem remorso. Nem vermelha ficava.
Agora você percebe como foi longe. O marido fazendo serão, você fazendo horas extras. Mas não no trabalho. Era um jogo de artifícios. Primeiro foi com um vizinho, depois com o esposo da melhor amiga, seguido pelo açougueiro, o jornalista, o funcionário público, o empresário. Depois, já não lhes conhecia nem a profissão, o nome, o estado civil, a idade. Nem mesmo quantos por dia.
Você sente um desespero. Você promete parar. Você olha para seu marido, para seus filhos. Você chora. Você jura. Mas, no dia seguinte, tudo se repete. É um prazer que lhe faz vibrar a carne, pulsar as veias, gotejar sexo pelos poros.
Perde o controle, o cuidado, a discrição, já não sabe parar nem pedir ajuda, que alguém a socorra.
Então, num ato de desespero, você quer esquecer, mudar, embriagar-se. Pior. Afunda mais e mais. Somente para com o acidente.
Os meses no hospital, o tratamento, enfim a cura. Você feliz, caminhando de cabeça erguida, sem mais culpas, sem mais desejos, até...
Até a festa de noivado da sua irmã mais moça, cinco anos depois. Você abraça o noivo. Sente um frêmito. O calor do corpo rijo. Ele acariciando seu seio, você puxando-o para o quarto, no andar de cima.