O Morto que anda. - In cantos e recantos

Josiel, manhamente, levantava, sempre do ontem hoje; era o sempre caminhar rumo ao trabalho. Acordava de igual todos os dias; o traba-

lho ; a função exercida do mesmo sempre; o salário sempre do mesmo sal e a vida amarga que eternamente.

O sorriso; o Bom Dia; o cumprimentar cada colega de trabalho era o mesmo do ontem passado longínquo.

Cansava-se de todos os sorrisos congelados do ontem, hoje, amanhã; o sorriso congelado na face do Tempo, dos amigos de trabalho; dos amigos de bares; dos amigos que dizem ser amigos. Duração de um instante, apenas, a hipocrisia brincava com o Tempo do sempremente.

O dia de todos os dias; os sonhos; as esperanças; os ideais, lá no longe que sempre distante, além linha do horizonte. Difícil vislumbrá-los.

Escoam-se os sonhos ; ideais; esperanças por entre os dedos do Tempo, e tudo, agoramente, é o possível soçobrado de, apenas, ruínas ante os olhos incrédulos que luta para continuar sobrevivendo. Tamanho grande é o barulho de uma explosão cegando os ouvidos que nada se vê nem se ouve. Adivinha-se escombros.

Ante o pensamento morrera-se tudo; nada sobrara; apenas, o ser de um andar morto. O impossível no possível, nada vivera na vida.

Somente, o morto que anda.

gerson chechi
Enviado por gerson chechi em 03/04/2013
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