AMOR NA VISÃO DE UM FALSO AUTODIDATA

Os primeiros sinais da queda da inocência, o corpo acusando o despertar de forte impaciência, por não saber a diferença entre mero desejo e o amor, até mesmo da definida existência dessas palavras. A impossibilidade simplória por inexistência de um ouvinte que explicasse ou dissesse se o mesmo lhe acontecia. Aqueles inicialmente temores de um corpo em erupção. Qual tudo no mundo, ao menos naquele onde a vista alcançava, tramasse em conspiração silenciosa e harmoniosa contra o peito, onde o surgir de cada rosto belo fosse uma nova chama, um novo e estanho olhar para as mesmas meninas, posto que já não fossem os mesmos corpos, mas eram os mesmos olhos que antes apenas convidavam para se esconder, correr... Brincar.

Essa sensação que aflorava não tinha definição de boa ou ruim, mas sentia que aumentava o medo e a falta das palavras ao me deparar com certas pessoas. Sim. Não era assim com todas as meninas que conhecia apenas algumas. Então, o que se passava?

Com transformação da natureza corpórea e a forçada aprendizagem da convivência com os amigos e amigas, aprendi a inicial diferença daquilo que inicialmente pensava ser um só sentimento. O que apenas se aprende com o chamado primeiro amor. Não o do corpo, mas o do beijo sonhado, do riso espalhado por todo o dia. O que me fazia sonhar acordado, correr da escola sempre passando em frente da sua casa; e acaso não estivesse, passava quantas vezes fosse preciso. Pedia aos meus pais para comprar o pão, passear com o cachorro, o que diabo fosse, conquanto que por lá cruzasse e por fim avistasse aqueles olhos brilhantes.

O que me faltou foi o entender que não bastaria aquela platônica mania de buscar o ato de enxerga-la, mas também deveria ousar de senti-la, beija-la com a força do que me possuía para que pudesse enfim me completar ou, talvez, lhe completar o mundo em que existíamos.

Para mim, foi um aprendizado de enorme complexidade, que infelizmente no tempo chegou tarde e que não pude traduzir em resultado prático, pois não mais a encontro e, mesmo se a encontrasse, o que poderia lhe dizer? Amei você quando adolescente. Sabia? Que marcas eu deixei para resgatar nesse momento? Nada. Nem um beijo sonso, nem um olhar entre os ombros daqueles saudosos dias.

Se amar fosse o nome de um manual prático, de uma matéria de escola ou mera tabuada, onde se decora o resultado já conhecido. Ou se fossemos autodidatas sobre esses caminhos tortos, sobre os punhos sórdidos da solidão sombria. Talvez, só talvez, posto não saiba dos riscos daquilo que peço, caso identifique a possibilidade de um novo amor encontrar, tentarei usar daquilo que aprendi. Se é que aprendi! Se é que aprendemos a amar...

Inaldo Santos
Enviado por Inaldo Santos em 11/02/2013
Código do texto: T4134047
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