Na Bunda Não
Certo dia em minha humilde residência de manhã cedo quando eu ia saí para o trabalho, em minha porta me apareceu um tal papagaio e foi logo entrando como se fosse dono da casa, então tentei colocar-lo para fora, mas não conseguir, então lhe perguntei:
Está com fome? Ele respondeu: na bunda não.
Peguei aquele animal saliente e coloquei para fora e bati a porta com força. E ele ficou na mesma gritando: na bunda não! na bunda não! As pessoas passavam na rua e davam gargalhadas.
Eu muito constrangido voltei, peguei aquele periquito joguei de novo dentro de casa, e lhe disse: agora cala essa boca.
Nesse mesmo dia eu estava disposto a me livrar daquela ave enxerida; tomei uma importante decisão. Não fui trabalhar, mas a feira comprar uma gaiola, depois voltei para minha casa, sentei na frente do computador e fiz um belo cartaz, espalhei pelo bairro com a seguinte descrição: Doa-se um lindo papagaio. Enquanto isso o bicho perturbava dizendo sempre a mesma coisa: na bunda não, na bunda não, e às vezes acrescentava cantando: será que vai doer?
Essa última pergunta foi a gota d´agua. O que meus vizinhos iriam pensar? Então abrir a gaiola e amarrei a boca do papagaio, depois fui dormir.
No dia seguinte às 4hs da manhã em pleno domingo, batiam na minha porta. Levantei por muita insistência dos perturbadores e fui atender muito irritado. Quando abrir porta para minha surpresa era um casal de velhinhos e fizeram igual ao papagaio foram logo entrando e quando eu ia fechar a porta, mais uma pessoa bateu de novo; era uma linda jovem. Bastante chateado perguntei:
Quem são vocês e o que estão fazendo na minha casa a essa hora da madrugada?
O casal respondeu ao mesmo tempo viemos buscar nosso filho. – respondi – Não entendi.
Neste momento a linda jovem tomou a palavra: O papagaio, você é burro? – logo falei irritado: Há então esse papagaio ousado é de vocês? Ele fica dizendo; na bunda não, na bunda não.
Sem dizer mais nada fui buscar o periquito, desamarrei a boca dele para os donos não verem e entreguei. Assim que se viram todos disseram juntos: Na bunda!
Pegaram e saíram sem sequer me agradecer, quando eu ia fechar à porta a mocinha falou: a propósito, Na Bunda não. É o nome do filme de comedia que os velhinhos assistem todos os dias e riem como se estivesse assistido pela primeira vez.
E eu que ficava pensando besteira do animal. Aproveitei a ocasião para observar melhor aquela linda jovem enquanto ela ia embora. Nossa que corpo bonito, que curvas. E fiquei a pensar. Será que ela aceitaria? Não, acho que na bunda não. Voltei a dormir.