O Roubo do Natal
"As pessoas sentem minha escrita como uma agressão; elas sentem que existe nela alguma coisa que as condena à morte; eu não as condeno à morte, simplesmente suponho que já estejam mortas"Michel Foucault.((a revolta é a nobreza do escravo.Evolução ou Morte))
Manhã de Natal.
- Alguém viu a minha carteira?
- A minha bolsa sumiu, ela tava aqui no sofá.
Era o papai e a mamãe, logo cedo, com os seus reclames.
- Você dormiu mais uma vez no sofá, menino?
- Dormi, esperava o Papai Noel. Eu coloquei o meu sapato na janela. Queria ver ele chegar com o meu presente.
- O seu presente está aqui.
Disse o pai lhe mostrando um game.
- Eu vi o velhinho chegar. Ele entrou pela janela.
- Quem?
- O Papai Noel. Ele levou a bolsa da mamãe e a carteira do papai. O meu game tava comigo, escondi-o debaixo do meu corpo. Ele abriu algumas gavetas, depois foi embora, saindo pela mesma janela que eu tinha deixado aberta. Ainda bem que não levou o meu game.
- Meu Deus fomos roubados, e por um Papai Noel...
- Mãe, não era para ele so trazer os presentes?
La fora não nevava. Fazia um calor de lascar. A polícia caçava um velhinho safado, vestido de vermelho e usando longa barba branca. Julhinho se divertia com o game, alheio a preocupação dos pais com os pertences roubados. Uma certeza de que no próximo Natal não colocaria o sapatinho na janela e não a deixaria aberta por toda a madrugada.