Vida marvada
- Rosinha cresceu, embonitou, botou corpo
- Vê Rosinha, cumpade. Quê pitéu!
- Acredita que peguei no colo?
- Como cresceu! Embonitou, botou corpo.
- Vivia agarrada na barra da minha calça, pedindo bala.
- Hoje nem me olha, cumpade.
- Quase foi minha afilhada...
- Se tivesse sido, pelo meno agora me pegava na mão, pra tomá bença...
- Ah! Cumpade!
- Era uma pirralha, destamaninho!
- Pirracenta qui só ela...
-Ólha só hoje, cresceu, embonitou, botou corpo...
- Imagina que num saía do meu colo...
- Ah cumpade... que vida marvada!
- Agora só posso ficá olhando...
Edir Araujo (Crônicas do Avesso e Travesso – 05 de março de 1999)