O MENINO QUE FALAVA COM O VENTO - PARTE II
Pelo caminho Pedro encontrou Mestre Nenê e Tavico, que também, escutando o choro, tinham saído para ver o que estava acontecendo.
_Quem vem lá? Perguntou Mestre Nenê, levantando o facho de luz e clareando o rosto de Pedro.
_É Pedro! Respondeu apressado. _ Noite, Mestre... Noite Tavico...
Ambos responderam, parando a seguir esperando pelo companheiro.
- Ocê também escuito esse choro de criança, Pedro? Perguntou Tavico, um pouco assustado.
-Será as criança de Clemente? Ele num tá em casa hoje e Babete tá sózinha mais os mininos.
-Sei não. Num parece que vem dos lado da casa de Clemente. Aprume os sentido home, parece que vem lá das pedra.
Mestre Nenê, coçando a barba por fazer, concorda com Pedro e sugere aos companheiros, para irem até as pedras.
- Vamo até lá, mas cum cuidado, pois o mar ta brabo. Tem onda lambendo as pedra.
Em silêncio, os três homens caminham cuidadosamente e chegam até a praia. Até as pedras escorregadias e cobertas de conchas cortantes.
Não demoram a perceber um pequeno vulto encolhido sobre uma pedra grande, onde as ondas batiam com força.
Mestre Nenê grita dando a ordem a Pedro, que estava mais à frente, que corresse.
- Tem criança lá! Corre Pedro, antes que o infeliz seja levado pro mar.
Pedro, com agilidade, consegue saltar sobre as pedra e chega até onde está a criança. Um menino. Um pequeno corpinho nú, tremendo de frio no escuro.
- Vem cá, mininu. Cadê tua mãe? Vem... E falando manso para não assustar mais a criança, Pedro estende os braços e levanta o menino nos braços. -Peguei ele Mestre! Peguei! Ta sarvo!
Imediatamente o menino envolve o pescoço de Pedro com os bracinhos e soluça, de medo. Tavico tira a camisa e dá a Pedro para que cubra a criança nua e molhada. Em silêncio, Mestre Nenê vai à frente clareando o caminho para Pedro que vem logo atrás, trazendo o menino nos braços, seguido por Tavico.
Caminham com cuidado sobre as pedras escorregadias. Não dizem nada. Fizeram o seu trabalho, resgatando um dos meninos de Clemente.
Seguiram direto pelo caminho no meio da vegetação rasteira até a pequena casa cercada de palmeiras onde Clemente e Babete moram com seus oito filhos. Tudo estava às escuras,
a não ser pela pequena lamparina de querosene sempre acesa, por causa crianças menores.
- Clemente! Ô home, acorda... Vem pegar teu mininu. Ô Clemente! Babete... Gritou Mestre Nenê, até que uma luz foi acesa no interior da casa simples. A mulher apareceu na janela, assustada e sonolenta cobrindo os ombros com um chale. - Babete, tenha receio não, é gente de bem. É Mestre Nenê,
Tavico e Pedro, que viemo traze um dos teus minino que tava perdido lá nas pedra.
A mulher deu um grito e correu até a porta. - Traz ele aqui, deixa ver. Traz meu minino...
Os três homens entram. Pedro, trazendo o menino no colo, sentou-se e descobriu o menino nú. Babete da um pulo e diz: _ Num é meu minino, não! Num é meu Lazinho naum... Olha o cabelo, é amarelo. E os olhos, cor do céu...
Foi então que os três pescadores, boquiabertos, olharam o menino na claridade das lamparinas. Era cabelo amarelo. Num parecia com nenhum dos filhos de Clemente.
_ Quem é esse bacuri? Num tem nenhum muleque nessas paragens
que tenha cabelo 'marelo' e zóio cor do céu - disse Tavico olhando o menino bem de perto.
O menino, assustado, abraçou o pescoço de Pedro, escondendo o rostinho junto ao peito do pescador, que não entendia mais nada. Mas segurava aquele corpinho tremulo, junto ao seu corpo, com carinho de pai.
Mestre Nenê, acalmou a mulher e falou serio, olhando Pedro e o menino. _ Pedro, vamo deixa Babete em paz. Já que
num é um dos minino dela, vamo embora. Leva o minino mais ocê, fala pra Nena dá di come a ele, vesti e
ponha ele pra dormi. Amanhã a gente vê o que fazemo.
[...]
Pelo caminho Pedro encontrou Mestre Nenê e Tavico, que também, escutando o choro, tinham saído para ver o que estava acontecendo.
_Quem vem lá? Perguntou Mestre Nenê, levantando o facho de luz e clareando o rosto de Pedro.
_É Pedro! Respondeu apressado. _ Noite, Mestre... Noite Tavico...
Ambos responderam, parando a seguir esperando pelo companheiro.
- Ocê também escuito esse choro de criança, Pedro? Perguntou Tavico, um pouco assustado.
-Será as criança de Clemente? Ele num tá em casa hoje e Babete tá sózinha mais os mininos.
-Sei não. Num parece que vem dos lado da casa de Clemente. Aprume os sentido home, parece que vem lá das pedra.
Mestre Nenê, coçando a barba por fazer, concorda com Pedro e sugere aos companheiros, para irem até as pedras.
- Vamo até lá, mas cum cuidado, pois o mar ta brabo. Tem onda lambendo as pedra.
Em silêncio, os três homens caminham cuidadosamente e chegam até a praia. Até as pedras escorregadias e cobertas de conchas cortantes.
Não demoram a perceber um pequeno vulto encolhido sobre uma pedra grande, onde as ondas batiam com força.
Mestre Nenê grita dando a ordem a Pedro, que estava mais à frente, que corresse.
- Tem criança lá! Corre Pedro, antes que o infeliz seja levado pro mar.
Pedro, com agilidade, consegue saltar sobre as pedra e chega até onde está a criança. Um menino. Um pequeno corpinho nú, tremendo de frio no escuro.
- Vem cá, mininu. Cadê tua mãe? Vem... E falando manso para não assustar mais a criança, Pedro estende os braços e levanta o menino nos braços. -Peguei ele Mestre! Peguei! Ta sarvo!
Imediatamente o menino envolve o pescoço de Pedro com os bracinhos e soluça, de medo. Tavico tira a camisa e dá a Pedro para que cubra a criança nua e molhada. Em silêncio, Mestre Nenê vai à frente clareando o caminho para Pedro que vem logo atrás, trazendo o menino nos braços, seguido por Tavico.
Caminham com cuidado sobre as pedras escorregadias. Não dizem nada. Fizeram o seu trabalho, resgatando um dos meninos de Clemente.
Seguiram direto pelo caminho no meio da vegetação rasteira até a pequena casa cercada de palmeiras onde Clemente e Babete moram com seus oito filhos. Tudo estava às escuras,
a não ser pela pequena lamparina de querosene sempre acesa, por causa crianças menores.
- Clemente! Ô home, acorda... Vem pegar teu mininu. Ô Clemente! Babete... Gritou Mestre Nenê, até que uma luz foi acesa no interior da casa simples. A mulher apareceu na janela, assustada e sonolenta cobrindo os ombros com um chale. - Babete, tenha receio não, é gente de bem. É Mestre Nenê,
Tavico e Pedro, que viemo traze um dos teus minino que tava perdido lá nas pedra.
A mulher deu um grito e correu até a porta. - Traz ele aqui, deixa ver. Traz meu minino...
Os três homens entram. Pedro, trazendo o menino no colo, sentou-se e descobriu o menino nú. Babete da um pulo e diz: _ Num é meu minino, não! Num é meu Lazinho naum... Olha o cabelo, é amarelo. E os olhos, cor do céu...
Foi então que os três pescadores, boquiabertos, olharam o menino na claridade das lamparinas. Era cabelo amarelo. Num parecia com nenhum dos filhos de Clemente.
_ Quem é esse bacuri? Num tem nenhum muleque nessas paragens
que tenha cabelo 'marelo' e zóio cor do céu - disse Tavico olhando o menino bem de perto.
O menino, assustado, abraçou o pescoço de Pedro, escondendo o rostinho junto ao peito do pescador, que não entendia mais nada. Mas segurava aquele corpinho tremulo, junto ao seu corpo, com carinho de pai.
Mestre Nenê, acalmou a mulher e falou serio, olhando Pedro e o menino. _ Pedro, vamo deixa Babete em paz. Já que
num é um dos minino dela, vamo embora. Leva o minino mais ocê, fala pra Nena dá di come a ele, vesti e
ponha ele pra dormi. Amanhã a gente vê o que fazemo.
[...]