Ainda mim - In contos
Era um ponto de ônibus em que eu esperava em movimentada avenida.
Apesar da multidão indiferente que passava cá e acolá, nada resvalava em mim. Corrente de ar passantes pulsantes uma após outra de seres outros indo e vindo. Colidia, apenas, em mim a corrente de ar avisando que algo passou. Seres alheios a mim, seres outros iguais a mim na incontrolável correnteza de águas rumo ao absorvente Oceano de todos iguais. Identidade perdida na Igualdade.De quem sou, parece que somos.
Ainda mim água clandestina vagando no imenso, indefinível oceano de
águas tantas nem sempre as mesmas. Eterno movimento imutável em si.
Passando como folha levada pela corrente, descubro outros tantos.
Vozes em si perdidas no desfiladeiro aquoso, navegam como velas sem leme ao sabor do vento. Sou como tantos outros; única diferença: angustio-me pelos caminhos das águas que não sou. Ainda mim no pedaço pequeno de universo que sou.