A Familia Carioca da Vieira Souto

É uma história sombria,de gente rica e repleta de prazeres assustadores. Ela era inteligente. Havia charme no olhar,nos gestos do corpo,quando se movimentava,a bunda rebolava convidativa,provocante.A boca,de lábios carnudos.Exibia uma arcada dentária bem desenhada,de valorosa brancura. A bunda era perfeita.Bem desenhada.Um par de coxas grossas,bem torneadas e longas A sua beleza física assemelhava-se a uma doce fada.Os olhos de cor clara,os cabelos esvoaçantes,loiros.A pele de beleza indescritível. Desde mocinha fora protegida pela mãe, até mesmo na escolha do nome - o pai queria que se chamasse Maria, em homenagem a mãe de Jesus-, não deixou, jamais, sua filha seria um nome tão comum, no geral que nomeava gente sem classe, sem pedigree. O par de seios era exuberante.Sempre livres num tecido fino exibia os biquinhos.Tinham uma proporção bem estudada.Firmes e bem desenhados. Ela crescia,e a todos seduzia.Os professores,os colegas da escola,o motorista do ônibus,o policial - ela gostava,ficava eufórica,de forma disfarçada.Inspirava o ar,expirava e andava rebolando de forma sedutora.Um deslocamento estudado,quase na ponta dos pés.Flutuando,sem tocar no solo.Sentia a sua respiração e um comichão entre as pernas. Vez ou outra dirigia um olhar malicioso para a cintura do velho,ou do adulto que a observava com desejo lascivo,censurável.Uma tentação reprovável.O olhar dela os punha para tremer-e os dele a deixava pulsando,vibrando entre as pernas.Os seios miúdos eriçavam-os biquinhos se tornavam proeminentes no tecido fino da blusa.

-Vai se chamar Sheilla Madallena , com dois "eles", em cada nome - respondia, com o barrigão de oitavo mês. O pai, paciente e religioso tolerava os seus caprichos. Frequentava uma grande igreja-onde uma gama de pastores tomavam dinheiro dos fiéis-que se encontravam,sempre na penúria da vida,e buscavam o socorro dos céus.

-Minha filha vai ter pedigree, nada de ser gente do povo. Olhe quem sou, minhas posses, com quem sou casada. Olhe quem são meus amigos e amigas. Eu sou socialite.

E, tinha razão. Tinha um patrimônio de imóveis, e era ela quem administrava os prédios comerciais e residenciais de propriedade da família, os mais luxuosos do estado, com alguns prédios comerciais pelo mundo- Tókio, Twain, Singapura e New York. Atuava no ramo de festas para a elite - era uma das mais cobiçadas promotter, paga à peso de ouro.

mantinha relações curtas com o poder, era amiga de ministros, governadores e senadores- desprezava vereadores, prefeitos e alguns deputados estaduais.

Falava cinco linguas, passava férias fora do Brasil - ou, viajava para o exterior à negócios. Transitava com naturalidade na elite do Brasil - era questão de honra para algumas famílias nobres tê-la como convidada, até mesmo para velórios.

Depois, de oito anos de casada, enfim, engravidara - sua maior preocupação, ter uma filha e que seguisse os seus passos, com nobreza.

- Sou uma mulher de sangue azul, tenho pedigree, minha filha tem que ser assim, como eu.

O marido era dono de uma conhecida construtora, mais de 15 anos mais velho. Sabia ganhar dinheiro, sua empresa vivia encostada com o poder público- obras não lhe faltavam. Uma barriga saliente lhe desenhava o perfil, barba por fazer. Não tinha vaidades, por fim, frequentava à igreja católica aos domingos- ia quase sozinho- quando ela o acompanhava seria pra não fazer desfeita, devido à presença de algum casal amigo que poderia interpretar mal a sua falta.

havia cuidado de sua gestação com esmero, deixara o cigarro, a bebida alcóolica e as noitadas - foram nove meses de reclusão aguardando a futura princesa dos negócios da família e da elite carioca, da nova elite carioca. O marido estava envolvido com os maiorais da política nos mais diversos escândalos em obras públicas superfaturadas,e de concorrências fraudulentas-ela não se importava.Sabia que a imprensa estava comprada.O STJ era do time,a CGU...O Congresso Nacional,a Câmara dos Deputados,o Senado Federal,enfim,sabia que vivia num país imoral-onde tudo e todos eram desonestos e nada tementes a Deus ou à Justiça-uma outra prostituída.Ria da tv,dos jornais,das revistas,e dizia:" está tudo comprado,tudo nas mãos."

Até mesmo participações em algumas novelas da poderosa tv, fora rotina em sua vida de mulher de sucesso.

Tinha amizade com as maiores celebridades da tv brasileira. Conhecia algumas estrelas do cinema americano. Transitava pela europa com desenvoltura. As Ilhas Gregas eram pouso certo no verão. Ibizza o seu repouso. gente bonita, de dinheiro. Gente bonita sem pudores. Lindas mulheres nuas na praia, ou de seios de fora.

nas mansões da França, Itália, Holanda - festas monumentais, algumas livres para todos e para a imprensa - outras, so para convidados especiais. Príncipes, Presidentes, Embaixadores , ditadores do Oriente Médio, gente do petróleo. Políticos corruptos de todos os continentes.

Ligava para o presidente, e dele recebia ligações. Indicava gente para cargos públicos, de confiança. Brasília era o seu quintal. Copacacana um dos points. Bota-fogo, Flamengo...Ipanema...

A Vieira Souto o lugar de ostentação. Onde se recolhia, quando tinha que recomeçar, repor as energias. Tratar um pouco do marido e, foi ali que ficou vivendo a gravidez, aguardando a princesa que a substituíria.

-Odeis pobre, odeio essa gente emporcalhada oriunda da África ou do nordeste brasileiro, prefiro o cheiro dos meus cachorros - gritava com os empregados quando estes a aborrecia num deslize de tarefas.

Tinha bom gosto pelo o que era chique e rico. Conhecia os lugares mais caros e mais sofisticados de algumas das principais cidades do mundo. Pratos charmosos, bebidas finas e ambientes cheios de glamour. Como sabia que dinheiro era tudo na sua vida - desenvolveu o faro pras verdinhas. Empreendedora, investia em vários negócios pelo mundo, apesar de ter como carro-chefe a compra, reforma de prédios antigos, aguardava a valorização da área e fazia prédios comerciais ou residenciais. Tinha quarteirões inteiros pelo mundo - ganhara muito espaço na elite assim.

Coisa comum encontrá-la nas colunas sociais dos maiores jornais do Brasil, e até do mundo.

Indagada por quê, depois de tentos anos de casada, so agora, resolvera ter um filho, numa reunião de dondocas - ela, apesar de ser uma empresária de sucesso, empreendedora e promotter, tinha no seu hall de amigas, as que caçavam dotes e casavam com jogadores de futebol bem-sucedidos - os que jogavam na Seleção Brasileira e em clubes famosos da Europa. Uma das amigas chegou a namorar o goleiro Bruno do Flamengo - um flerte numa boite, que so resultou num boquete no banheiro, nada além, por sorte dela.

falando da gravidez soltou essa:

- Falta-me esta realização.

-Nossa, so essa Dama...

-É, sou uma mulher realizada, ja fiz de tudo na vida, ja experimentei e vivenciei todos os prazeres, todas as satisfações que a vida pode oferecer a uma mulher. Dinheiro, negócios, amizades, festas monumentais. Tenho saúde perfeita e os negócios de vento em popa. O que me faltava, um filho, que aliás, vai ser como eu queria, vou ter uma filha - até nisso a vida me atendeu, o sexo do bebê.

Anos depois, cerca de 15. Estava num sarão com as amigas à beira da piscina. A sua juventude se conservara nos muitos tratamentos de beleza que realizara pelo mundo. E, estava cada vez mais rica, investia em spas, e em clínicas para tratamento de beleza de milionárias pelo mundo.

-Ah, amiga, fala a verdade, ninguém tem felicidade completa. Eu, por exemplo, sou casada ha cinco anos, e não sei o que é um orgasmo. Tenho o carro que sempre desejei ter na vida, moro bem numa mansão, tenho filhos maravilhosos, um cartão de crédito sem limites, mas...não sei o que é gozar de verdade.

Disse a segunda amiga, puxando o refrão das demais.

-Bem falado, a minha vida sexual, é insossa, também. Papai-mamãe, não dura mais do que três minutinhos, ou cinco...Logo eu uma mulher cheio de fogo, que antes de casar com o meu milionário era uma tremenda vadia - disse, arrancando uma gargalhada, em uníssono do grupo.

Ela escutava, em silêncio as confissões de fracasso na cama das amigas.

Sua terceira amiga, disse:

-Mas é assim,mesmo. Casamos com milionários, o que têm de dinheiro têm de barriga e pau pequeno.

Mais uma sessão de gargalhadas, em uníssono.

- A minha felicidade é completa, eu sou inteiramente realizada sexualmente. Não tenho nada por que reclamar, juro.

Todas ficaram em silêncio. Aguardavam a voz da mais jovem de todas - Elenor, menos de trinta anos, três de casada com um famoso jogador de futebol.

-Não esperem muito de mim, ele vive nas baladas e ja chega em casa satisfeito. Vivo com o dedinho...e gozo com o seu cartão de crédito,nada além...

Elas se cumprimentaram, saíram capisbaixas e mais uma vez se sentindo inferiores á Dama, como era conhecida na alta rotatividade social. Os carrões partiram com seus roncos silenciosos e com seus motoristas emburrados.

-Eu não me rendo, tudo o que eu quero eu conquisto, eu tenho sangue azul, eu tenho pedigree.

Falava para os seus botões. Fechou o portão que interditava a ala residencial da casa com o jardim. Interfonou para a governanta dando uma ordem especial: - não quero ver ninguém na área do jardim e da piscina. dispense, por hoje os criados. Você ta autorizada a folgar hoje, quero a casa vazia dentro de 10 minutinhos.Ouviu? Aja,rápido-vaaaa.

- E, a sua filha, ela ta aqui lendo um livro...

- Diga que estou na garagem, ela sabe o que significa isso...

E, assim foi feito. Entrando na garagem, tinha ainda o pensamento nas confissões das amigas. Sim, maridos ricos e barrigudos e de pau pequeno. Bando de fracassadas. Marido rico, barrigudo e de pau pequeno. A lanna vive cheia de fantasias, adoraria ser varada por quatro homens de vez, mas prefere o dinheiro do barrigudo e de pau pequeno. Todas elas são assim, umas fracassadas, sem iniciativa, sem desejos de mudanças. Homem rico, barrigudo e de pau pequeno. Coisa, ainda são as que casam com os bonitões ricos que gostam de outros bonitões. Bando de fracassadas. Algumas, certo tempo, caem na cama de mulheres, viram lésbicas depois de velhas.

-

-Vem, queridos, vem...

Disse para o pastor alemão e para o boxer, um cão enorme. Os animais faziam a festa com latidos. Pareciam saber o que se sucederia.

-Eu tenho iniciativa, não é mamãe...? - falou para os dois cachorros.

Então, começou a tirar a roupa e a pegar nas partes púdicas dos cachorros. Ligou para o marido. Sem tirar os olhos do pau do cachorro, que se insinuava para fora do escroto.

-Adolfo, ja estou na garagem com os nossos amiguinhos. Quero o de sempre, o boxer se revesando com o pastor comigo, de quatro e você de pirulito. Vem logo, amor. Traz esse pau miúdo que a sua barriga ja ta escondendo.

- E a nossa princesinha...?

Perguntou, com voz embargada, sufocada, com insegurança.

-Ela ja está aqui brincando com os nossos bichinhos, preparando-os pra gente.

A nova elite carioca se apresentando, com ressonâcias da antiga.

LG

Leônidas Grego
Enviado por Leônidas Grego em 19/08/2012
Reeditado em 04/01/2017
Código do texto: T3838427
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