It's a Fire
E hoje eu to fogo, amanheci normal, mas quando cheguei aqui, próximo à janela, o sol fixou-se em mim, e a cada milésimo ele esquentava mais ainda sobre minha pele morena, e eu estava e ainda estou achando aquilo fascinante. E as nuvens vez ou outra atrapalhavam nossa interação, e o vento entrava pela janela irônico e me deixava com arrepios, e quando eu perdia as esperanças de ser fogo novamente ele retornava dentre as brancas, e sua gargalhada de “você achou que eu não voltaria” me deixava à deriva. Mas enquanto ele esquentava a minha pele, eu procurava ser mais quente ainda, não para competir, mas eu tenho um sol dentro de mim, queria passar isso para ele também. Tomei banho de sol. Bem na cadeira da frente.
E as nuvens em sintonia irônica ainda tomando a frente...
Será que elas queriam me evitar um câncer de pele? Eu arriscaria, por ele, por aqueles raios que me fitavam ferozmente, que vinham sem dó à mim, que queimavam achando que eu o ia evitar fechando a janela. Na verdade ele não queria, ou eu. Estava enganada sobre aquela luz forte e de temperatura excitante, pensei que nunca me traria intensidade, apesar de eu ser fogo como ele, e errei, pois eu não observara mais, senti, é isso, eu senti o seu corpo macio, flamejando nos meus poros. Ele é sol, ele é céu, ele é mel, é a junção de tudo que se quer. E ainda continua aqui intacto, nunca vai embora, a esperança dele é que tem que acostumar, sim, com a minha ausência.
Levantei.