A MENINA COLORIDA
Era uma vez uma menina que tinha asas nos pés e cabelos de vento. Seu sorriso desabrochava flores. Seu olhar, misterioso como só, era cheio de esquinas que davam para lugares nunca visitados ou avistados.
Era uma menina diferente: não possuía olhos e sim olhar; não possuía boca e sim, sorriso; não possuía pés, ela voava. E o mais intrigante é que ela não tinha cor, ou melhor, não tinha somente uma cor. Ela era colorida, assim como o arco-íris.
Então esta história deve começar assim...
Era uma vez um arco-íris que bebia as águas doces da imaginação. Aparecia após a chuva de desejos que percebia vindo do humano das pessoas. Sete eram as suas cores, infinitas eram suas nuanças. Podia fazer grandes alquimias, como por exemplo, abrir sorrisos em rostos pesados de viver, limpar a vista em olhos emaranhados de porquês, acelerarem corações que há muito deixou arrefecer, agitar o corpo que esqueceu a dança do bem-viver...
E sobre o arco-íris, ele quer permanecer. Só que não pode porque precisa encantamento ser. Ele só faz alquimias porque é efêmero, porque não dá tempo do humano se acostumar com sua beleza. Então ele brinca de “esconde-e-acha”. Brincadeira de descobrir alegrias escondidas.
E, numa tarde de verão, ao seu resplendor, o arco-íris apareceu sem glamour. Pelo menos para a menina colorida. Seus olhos revelavam algo sombrio. O brilho de outrora se perdera. A menina aturdida corre em sua direção em busca do seu “pote de ouro”. Descobre-se fraca e pouco à vontade para realizar tal feito.
A menina resolve se esconder. Esconde-se numa capa cinza. E cinzas, deseja ser!
Alma apagada, vista turva e molhada, corpo sem asas. Perdeu seu poder! Deixou de ser colorida. Ficou igual e sem graça. Decide mudar a vida ou mudar de vida para voltar a ser colorida. Mas, para ser arco-íris precisava de encantamento, novo arranjo, novo jeito de viver. A menina começa então sua busca. Introspectiva busca. E vai, cada vez mais, perdendo cor, no torpor de seus achados e guardados. A menina banha-se nas águas límpidas de seus desejos e ainda continua sem cor. Menina sofre, mas persiste. Há uma longa caminhada em busca do “pote de ouro”. Parece que ele está cada vez mais longe, assim como o horizonte, que quanto mais nos aproximamos, mais ele se afasta de nós.
A menina cinza não desiste de reaver sua alma, sua aura colorida, pois é assim sua essência, sua vida. Ela então se aventura em terras outras. Terras férteis e inférteis. E angaria uns riscos coloridos que vão se ajuntando a outros e mais outros na busca da fusão perfeita e densa. Quando dorme sonha com as cores perdidas e quando acorda chora lágrimas de uma vida. Desejos humanos de recomeço a invade.
- O que esta menina parda quer?
Quer seu pote de ouro que se encontra no fim do arco-íris. Mas... Para alcançá-lo é preciso achar suas cores-caminho. Por isso ela está a perambular por aí, vez ou outra se consegue vê-la nas esquinas do tempo, a espreita de alguma cor ou coisa que lhe dê novo colorido...
*Conto publicado no livro Curvas & Poesia - 2011, pela Paco Editorial - Jundiaí - SP
Era uma menina diferente: não possuía olhos e sim olhar; não possuía boca e sim, sorriso; não possuía pés, ela voava. E o mais intrigante é que ela não tinha cor, ou melhor, não tinha somente uma cor. Ela era colorida, assim como o arco-íris.
Então esta história deve começar assim...
Era uma vez um arco-íris que bebia as águas doces da imaginação. Aparecia após a chuva de desejos que percebia vindo do humano das pessoas. Sete eram as suas cores, infinitas eram suas nuanças. Podia fazer grandes alquimias, como por exemplo, abrir sorrisos em rostos pesados de viver, limpar a vista em olhos emaranhados de porquês, acelerarem corações que há muito deixou arrefecer, agitar o corpo que esqueceu a dança do bem-viver...
E sobre o arco-íris, ele quer permanecer. Só que não pode porque precisa encantamento ser. Ele só faz alquimias porque é efêmero, porque não dá tempo do humano se acostumar com sua beleza. Então ele brinca de “esconde-e-acha”. Brincadeira de descobrir alegrias escondidas.
E, numa tarde de verão, ao seu resplendor, o arco-íris apareceu sem glamour. Pelo menos para a menina colorida. Seus olhos revelavam algo sombrio. O brilho de outrora se perdera. A menina aturdida corre em sua direção em busca do seu “pote de ouro”. Descobre-se fraca e pouco à vontade para realizar tal feito.
A menina resolve se esconder. Esconde-se numa capa cinza. E cinzas, deseja ser!
Alma apagada, vista turva e molhada, corpo sem asas. Perdeu seu poder! Deixou de ser colorida. Ficou igual e sem graça. Decide mudar a vida ou mudar de vida para voltar a ser colorida. Mas, para ser arco-íris precisava de encantamento, novo arranjo, novo jeito de viver. A menina começa então sua busca. Introspectiva busca. E vai, cada vez mais, perdendo cor, no torpor de seus achados e guardados. A menina banha-se nas águas límpidas de seus desejos e ainda continua sem cor. Menina sofre, mas persiste. Há uma longa caminhada em busca do “pote de ouro”. Parece que ele está cada vez mais longe, assim como o horizonte, que quanto mais nos aproximamos, mais ele se afasta de nós.
A menina cinza não desiste de reaver sua alma, sua aura colorida, pois é assim sua essência, sua vida. Ela então se aventura em terras outras. Terras férteis e inférteis. E angaria uns riscos coloridos que vão se ajuntando a outros e mais outros na busca da fusão perfeita e densa. Quando dorme sonha com as cores perdidas e quando acorda chora lágrimas de uma vida. Desejos humanos de recomeço a invade.
- O que esta menina parda quer?
Quer seu pote de ouro que se encontra no fim do arco-íris. Mas... Para alcançá-lo é preciso achar suas cores-caminho. Por isso ela está a perambular por aí, vez ou outra se consegue vê-la nas esquinas do tempo, a espreita de alguma cor ou coisa que lhe dê novo colorido...
*Conto publicado no livro Curvas & Poesia - 2011, pela Paco Editorial - Jundiaí - SP