Flores Vermelhas

Allan, galanteador e romântico. Depois da internet deixou a praia, o cinema e as festas. Na internet, nos sites de relacionamentos e nos chats, e em alguns sites havia mais possibilidades de se conhecer alguém. Vivia vasculhando de tudo. Era antenado e navegava como ninguém. Na praia, conheceria uma garota, na internet, conhecia 10, 20 em dez minutos. Indo ao cinema, talvez não conhecesse ninguém. E, assim foi. Conheceu Maria. Balzaquiana solitária que tinha horror em ficar para titia, envelhecer sozinha. A coitada ja era titia- e odiava isso. Mentia a idade em 5 anos. Tinha verdadeira obsessão em arrumar um sujeito nos seus moldes - dizia para si:

" Tem que ser forte, alto, loiro, moreno de sol. Rico, educado e louco por mim. Preferência, que malhe e seja inteligente. Não beba, não fume e seja caseiro. Que seja fiel...Não tenha vícios.

Maria participava de diversos sites de relacionamentos. Tinha Msn, Orkut, Badoo, My Space, Netlog, Hi5 e até o Flogão. Até mesmo nos sites de relacionamento voltados para os tarados e taradas de plantão participava. Casadas Safadas, Solteiras Vadias, Mulher sozinha...

Por coincidência, certo dia ao ir na padaria da esquina, maria conheceu Allan - ironia, viviam horas na internet buscando um parceiro para amar, e se encontram na padaria, como nos velhos tempos.

Ela pedira pão e ele bolacha. Ela observou:

- Estranho que alguém compre bolachas, ao invés de pão, logo cedo na padaria.

Ele disse:

-Na verdade, queria pão, foi ato falho, saiu no meu pedido bolacha por que olhava a beleza dos seus olhos.

Ela riu e nem acreditou - que um homem como aquele lhe rasgasse tal elogio, assim, na lata. Envolvente, ele conseguiu o impossível - fazer com que ela o convidasse para ir tomar o café da manhã na sua casa.

E, ali, no mesmo dia, após o café da manhã, rolou o primeiro beijo. Ele era envolvente, dizia frases prontas,galanteava, a elogiava. E, ela derretia-se feito à manteiga no pão fresco, quente.

Maria sentiu um frenesi entre as pernas, depois de tantos meses de solidão. Não demorou a sentir a calcinha ficando ensopada. Não demorou muito em perceber as mãos dele por baixo de sua saia, apalpando entre as suas pernas e puxando a calcinha para os seus pés.

E, ali foi amada, com furor. Gritos sem pudor, histéricos ela soltava, enquanto era varada com fúria desmedida, ali na cozinha - chamando a atenção dos vizinhos.

Quando ele foi embora ela se beliscava - pensava estar vivendo um sonho. Ou, teria Deus, enfim lembrado-se dela. Um homem quente, ousado, e até meio irresponsável - fazer sexo com ela daquele jeito. Não se conheciam, como ela, uma mulher tímida e recatada poderia ter cedido aos seus caprichos sexuais.

" E, se ele não voltar...será que vai me add, mesmo- indagava-se. Será que vai mandar um email, vai ligar...?"

Deduzia que fora, sim abusada por um homem que tinha habilidade em seduzir -" eles fazem assim e vão embora buscar a próxima."- Deduzia.

Depois daquele dia a ansiedade se apoderou do meu ser. Estava mais alegre, também- as amigas perceberam e os colegas de trabalho. Diziam que ela vira passarinho verde, e não era papagaio.

Todas às vezes que lembrava daquele homem o seu ser era tomado por um frenesi incontrolável, arrebatador. Um calor no meio das pernas. O coração em descabelada carreira, a respiração ofegante.

Até que numa tarde de sábado ele chegou, bateu à porta, e sorrindo lhe entregou flores brancas.

-Oh, adoro flores. Nossa, você é romântico, ou está sendo simpático?

Ele nada disse a agarrou pela cintura e lhe beijou na boca. Um beijo úmido, demorado. Ela ficou arrepiada. Um calor tomou conta do seu corpo. E, entre as pernas sentiu mais uma vez o desejo de ser preenchida do jeito dele. Estocadas fortes, velozes e demoradas. Mas...

-Não, não, não...afaste-se de mim. Não quero que me veja como um objeto sexual.

E, com o decorrer dos meses, ele foi paciente. Dizia: - Eu te amo.

Ficaram noivos. Sexo realizador. Telefonemas, emails, cenas de ciúmes.

Sempre lhe dava um buquê de flores brancas. O recado daquele dia foi uma poesia que dizia:

" Amo você

Você é o meu sol

É a minha lua

Amo você

É a minha noite

É o meu dia

Para um jardim: Flores brancas para o nosso puro e eterno amor"

Com o passar dos meses os defeitos foram aparecendo. Ele era muito ciumento,controlador. Ja levantava a voz pra ela. Controlava as suas saídas com as amigas - livrava-a dos amigos. Dizia que mulher dele não tinha amizade com homem. Pedia dinheiro emprestado e não pagava. Passou a exagerar na bebida, e o sexo não era mais o mesmo. Agora, era ligeiro e meio de obrigação. Reclamava da vida, achava injustiça que um sujeito como ele ganhasse menos do que ela, e que tivesse um emprego inferior. Ela reclamava dos estragos que apareciam no carro dela, e do dinheiro que era para pagar as contas do mês e ele gastou sem dizer por quê.

Ela decidiu acabar com o noivado e botou ele para fora de casa.

- Eu lhe trouxe rosas brancas.

Ele tentou.

-Não quero flores brancas, eu quero é um homem de verdade.

Ela berrou. Uma discussão violenta se iniciou. Minutos depois, um silêncio sepulcral. pela manhã encontraram Maria abraçada com o buquê de flores vermelhas, como o seu sangue. No chão tinha a seguinte poesia:

Flores Vermelhas

Não foi amor seu

Por que acabou

Amor dura para sempre

Te trouxe flores brancas

Você preferiu

Torná-las vermelhas

Como o pecado dos nossos prazeres

A vida que era sua

Eu a tirei

Agora é minha

Desculpa, amor

Foi por amor.

Leônidas Grego
Enviado por Leônidas Grego em 22/07/2012
Reeditado em 15/08/2013
Código do texto: T3791973
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