O BARQUEIRO

Estou me esvaindo

esfacelando a cada amanhecer

os pedaços que caem de mim

apodrecem espalhados no chão,

os animais que circundam a noite

rejeitam meus restos,

os corvos já não voam perto de mim.

A morte com sua foice reluzente ri,

a beira da minha cama.

Me diz ela :

_prepara as moedas pro barqueiro,

que de hoje não passamos.

Queria ter forças para mandar ela,enfiar

aquela foice no rabo.

Me trocam pela quarta vez,essa noite,meu

suor jorra feito cachoeira,penso,que é tanto

que esse barqueiro,navegará por ele.

Que herança vou deixar para aqueles,que convivi,

por estes anos todos ? amanhece e com ele a inevitável

vontade de sair,me aquecer ao sol.

tentar agarrar a vida,que quer ir embora,de mim.

Tento por os pés na água,enquanto espero.

Com o barqueiro não há sorrisos,e lágrimas não

o demovem de seu propósito.

Pra viagem que se ínicia,não me sinto preparado

fico sem ar,e não é de emoção

. . . continuo . . .

sem ar . . .

Agora não preciso mais dele.

_ sua moeda ? por favor . . .

DAVIDEUSEI
Enviado por DAVIDEUSEI em 19/06/2012
Código do texto: T3731924
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