O BARQUEIRO
Estou me esvaindo
esfacelando a cada amanhecer
os pedaços que caem de mim
apodrecem espalhados no chão,
os animais que circundam a noite
rejeitam meus restos,
os corvos já não voam perto de mim.
A morte com sua foice reluzente ri,
a beira da minha cama.
Me diz ela :
_prepara as moedas pro barqueiro,
que de hoje não passamos.
Queria ter forças para mandar ela,enfiar
aquela foice no rabo.
Me trocam pela quarta vez,essa noite,meu
suor jorra feito cachoeira,penso,que é tanto
que esse barqueiro,navegará por ele.
Que herança vou deixar para aqueles,que convivi,
por estes anos todos ? amanhece e com ele a inevitável
vontade de sair,me aquecer ao sol.
tentar agarrar a vida,que quer ir embora,de mim.
Tento por os pés na água,enquanto espero.
Com o barqueiro não há sorrisos,e lágrimas não
o demovem de seu propósito.
Pra viagem que se ínicia,não me sinto preparado
fico sem ar,e não é de emoção
. . . continuo . . .
sem ar . . .
Agora não preciso mais dele.
_ sua moeda ? por favor . . .