Esposas, já prá coxia!

Caldas de chocolate batiam na caçarola e

estalavam imediatamente na boca de Azevedo

enquanto ele observava sua esposa. A mulher nada

tinha de especial, não era faceira do modo de uma

mucama solícita, também não era sensual. Muito

menos exibia-se com coxas grossas e seios fartos. Não

era uma das malvadas, que fazia qualquer homem

tremer com três frases e um belo decote. Mas Laurinda

Lourenço tinha aquilo que se chamava tensionamento

de uma linha prá outra. Azevedo gostava daquilo.

Na verdade Azevedo tinha uma grande virtude

e isso nem Laurinda poderia negar, desde o começo:

esse ó do borogodó foi fazer cara de paisagem quando

se deu conta do que estava por ocorrer. Os poemas

cybergóticos de Laurinda iam ficando mais e mais

góticos do que qualquer coisa. As trevas aproximavamse.

Nesse interím, Laurinda de forma nenhuma

mostrava-se afeita aos afagos e carinhos de Azevedo.

Daquela feita, percebeu que droga nenhuma

poderia esperar daquela mulher, o que era ótimo, por

um lado, afinal, prá que...? Enfaticamente perguntarase

aquele questionamento a seus botões,

oblongamente, pois tinha grana, pouca, mas tinha; tinha

prá gastar e tinha prá guardar, entretanto por qual...

razão?!? Ela que fosse prá onde quizesse!!! Quanta

petulância!!! Logo ele que tinha alugado a casa com

tanto esforço prá que os dois tivessem um canto só

deles. O proprietário dissera:

--- Não, não senhor. Sem problema. Pode pendurar o

quadro que quiser, desde que sem furar a parede.

___________

Não, não era tão ruim assim. Na verdade era

péssimo!

--- Como diabos vou pendurar um quadro sem

esburacar a parede?

--- Não me pergunte. Isso é com você. Pode fazer o

que quiser. Apenas não esburaque a parede.

Estava, é claro, exagerando. Laurinda não tinha culpa

de verdade. O que eu tinha que dizer é:

--- Esposas, já prá coxia!!!!!

Fosse eu, um sultão de época antiga, não teria

nada demais, ora, ora... Mas não... eu fui nascer no

século XX e vivia no XXI. Apenas uma esposa limpava

meus pés, limpava; não limpa mais.

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)
Enviado por Mauricio Duarte (Divyam Anuragi) em 07/05/2012
Código do texto: T3654309
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.