SEXTA FEIRA DA PAIXÃO, UM SONHO
Fui levado numa viagem por um grupo de pessoas conhecidas mas que estavam juntas por razões que desconhecia, pareciam parentes porque tinham muita intimidade e ao mesmo tempo se estranhavam. Todos tinham em comum um cuidado especial para tudo que eu fazia, observava, ou falava. Não me levavam e sim acompanhavam o meu itinerário, visitamos pessoas que moravam longe e de uma rua íngreme dava pra ver as ruínas de uma casa muito grande no alto daquela colina. Da varanda da casa onde estávamos hospedados, naquele instante, passei a contar a história do casal que viveu uma história de amor ali, no alto daquela terra que hoje está apinhada de casas, favela. Talvez fosse o Rio de Janeiro ou quem sabe Alpes. Acontece um momento de clarividência e estamos em águas profundas, num barco, uma movimentação de festa, de confraternização para um instante depois começarmos a marcha de volta, agora a cavalo, puxados numa carruagem ou algo parecido, descemos uma oura rua interminável e em declive e paramos por que foi decidido que iríamos a pé, então, sento na beira do caminho, de frente para um charco úmido e revestido de verde, sinto coçar os dedos do pé, me sento e esfrego para aliviar e cedo ao prazer de fazê-lo. Tem alguma coisa viva no meu dedo, um bicho de pé, enojado e surpreso espremo até que saia, metade, depois o resto, mas tem outro e outro e outro e outro e outro e outro e outro , olho espantado pedindo explicação para as pessoa do grupo e vem de uma figura de mulher a consideração: já podemos voltar.