"Mina de Querosene"
"A mina de querosene"
Mil novecentos e oitenta e um zero hora, "Jerusalém, município de Inhapim M/G. A casa onde estávamos de férias, era do meu amigo e concunhado Henrique" minha família e eu sempre íamos para lá era divertido para as crianças, minha esposa estava junto com a irmã e eu era premiado, sempre me sentia muito bem quando estava no campo. Pescadas, futebol, viola e uma cervejinha gelada, que ninguém é de ferro".
No campo, talvez pela quantidade de exercícios que se faz com todo gosto, quanto mais corre, mais cresce a disposição para se procurar prazer. À casa tinha paredes de três metros, mas, sem forração como deve ser as boas casas de campo. O telhado era apoiado nos cantos da parede, ficava um espaço grande aberto no interior da casa e isto era um transtorno! Qualquer ruído feito em um quarto era ouvido na casa toda, um peido alto antes de o povo dormir, era a maior algazarra, pra fazer um: “vem cá meu bem, que to a fim só depois de dez horas, ainda bem: no campo dorme-se cedo”.
Um suspiro, um ai – ai – ui - ui, um descuido nosso, um estalo de beijo... Adeus metengüencia! O empata, ia ao balaio onde os gatos dormiam, tapava com uma peneira o balaio: e tome gato em cima dos pobres que estavam fazendo barulho, no caso, minha amada e eu. Neste dia tudo foi normal, nós chegamos aos finalmente sem susto e daí vem aquele relaxamento quando ficamos sem querer descer do paraíso, descanso básico.
De repente: “nossa senhora das locomotivas atrasadas”. Um barulho infernal que soou como o vôo de mil helicópteros com suas pás girando a uma velocidade que fazia doer os ouvidos. Foi um susto tão grande que minha esposa deu um grito e eu sentei-me na cama, sem entender o que acontecia, lembro-me de medir o tempo que eu calculei como o tempo de um raio, quando aparece e desaparece.
Eu estava deitado de barriga para cima, enquanto meu corpo subia para sentar, lembro-me de ter visto uma pequena aranha, e sua teia e mosquitos pequenos presos nela. Havia uma agulha espetada em uma folinha destas de calendário que os comerciantes fazem você levar na marra pra casa, é útil... Nunca me gabei de ter boa visão, um pouco melhor de que da toupeira, mas, meninos eu vi! Vi a linha passando dentro do buraco da agulha que era bem pequena lembro-me com exatidão da diferença entre uma ponta da linha e a outra ponta, tal foi o grau de claridade do objeto que passou por cima da casa sem que eu pudesse calcular sua altura que creio ser muito.
Eu nunca pensei que houvesse tantas frestas entre as telhas de uma casa; O que eu via eram retângulo de sombras, quase que transparentes e detalhes da construção, como: “o acabamento rústico das vigas de madeira. Assim como surgiu, o (trem) “coisa de mineiro, com muita honra” partiu, ficou reboando aquele barulho que tinha acordado todas as pessoas, minha esposa e eu levantamos no mesmo instante, outros que no momento do estrondo preferiam ficar na cama, "mais as crianças", devido ao grande burburinho, também vieram para o terreiro participar dos acontecimentos.
Cada um perguntava ao outro e ninguém se arriscava a dar uma opinião... eu fui categórico, - isto é disco voador! O Henrique: (- que nada... Isto é argum caminhão véi agarrado na lama aí nestas bibocas). "O barulho continuava, só que em intervalos regulares que variavam entre um minuto a um e meio mais ou menos." Era estranho por que parecia ecoar por todo o céu sem que pudéssemos identificar a direção, foi quando notei uma luz estranha, que se parecia com uma estrela de quatro pontas, porém com núcleo do tamanho de uma bola de futebol, com dois raios formando uma cruz.
No momento que soava o barulho, a “estrela” descia alguns metros, isto durou seis ou sete minutos, finalmente desapareceu atrás de um morro. O barulho continuou e o Henrique então disse que sempre acontecia a mesma coisa e muitas pessoas diziam ter visto e ouvido a tal estrela e o barulho, ele me disse ainda que onde a luz tinha desaparecido, aconteciam coisas estranhas: “como uma mina de querosene que brotava pura da terra e que alguns moradores até já tinham usado em lamparina e lampiões sem qualquer problema de combustão".
Durante o restante das minhas férias fiz uma pesquisa com moradores locais. Alguns confirmavam os estranhos acontecimentos, outros, diziam que não, que nunca tinha visto nada, outro que só quem via era pinguço que andava bêbado tarde da noite, bem... isto até tem lógica, no campo o trabalho é pesado, o sono também! Curioso que alguns pareciam ter medo de falar e teve um que me disse pra não ficar fuxicando naquilo, que era coisa da mãe do ouro.
Acabaram as férias e não fui ao tal lugar por ser de difícil acesso e distante. Depois que meu amigo foi dormir lá para aquelas bandas das estrelas, acho que ele decifrou o mistério, mas eu perdi o interesse, pelo querosene e pela estrela. Alguns dias depois do acontecido, ele tinha feito uma brincadeira comigo “coisa da anta giratória” disse-me ele: (toda vez que este trem aparecia, as muiés engravidavam, rachou o bico de rir do meu interesse e explicou: é que o baruião acorda o pessoár ês perdi o sono e garra na metengüencia e as muiés ficam tudo barriguda. Isto é coisa de E – T - né?)
- Claro! Hum... Deve ser Henrique.
Trovador