NO ESCURO, A TOMAR TODAS!

Na calada daquela noite, havia ele resolvido-vez por todas!- que iria parar de beber.

Homem sábio.

"Ara, isto está me matando aos poucos!" sentenciava a si mesmo a igual sentença que a família, o médico, os amigos e o patrão já lhe haviam sentenciado a respeito dos malefícios do álcool.

Vontade de parar não lhe faltava, mas àquela decisão peremptória para parar qualquer vício ele precisaria dar uma chance única e certeira.

Então, ele se trancou num quarto decidido a não tomar nem uma gota a mais! Ficou incomunicável. Absolutamente nada o faria mudar de decisão, pensava consigo a sós.

Ali naquele quarto escuro não permitiria nem um pio à sua decidida recuperação.

Era um homem decidido.

Os dias ali passaram, foram cinco.

Dias difíceis após os quais começou a ficar " meio doente", contava ele.

"Diabos, nunca tive isso quando eu bebia..." matutava assustado a se indignar consigo quando ali começara a tremer feito uma gelatina e a enxergar um zoológico subindo pelas paredes do seu quarto.

Mais assustado ainda, agitou o pensamento e logo desconectou de si mesmo.

Foi socorrido e levado ao hospital.

"O senhor não deveria ter parado assim..." alguém da família lhe alertou.

Refeito do baque, já de alta, chamou o médico e o avisou da sua nova decisão:

"Nunca mais faço isso, doutor. Fiquei muito doente! Agora sim é que vou tomar todas! "