Doce
Era doce.De coco, de chocolate.Às vezes mousse.De abacaxi, o mais ácido.
Eu nem desconfiei.
Seus sonhos derramavam-se pelo balcão.Recheios de esperança.Nunca de creme.Era bom com facas.Como ninguém percebeu? Decepava frutas, estrangulava o gargalo da vodca em drinques sutis.Calou a moça.A do leite condensado também.Sabia abraçar forte.
Demais.
Quando se foi, levou consigo uma mala úmida,fétida.Não pode apagar o rastro.Achava doce o gosto do sangue, chupou os dedos todos, um a um.
De olhos agigantados, ninou a si mesmo antes de enquadrar-se.
(Baseado em fatos reais, infelizmente).
Maria Shu - 19/03/12