Amor de cabaré

Amor de cabaré

Numa simples cidade em algum lugar deste estranho mundo em que vivemos, existia uma família aparentemente feliz, que morava em uma casa humilde, típica de uma família pequena, dois quartos, uma cozinha, uma sala e um banheiro, a família constituía-se de uma mulher chamada Sofia, seu marido Roberto, e sua filha Maria Clara de 13 anos.

Sofia era uma mulher estupidamente sedutora, seu cabelo era negro, liso, que se estendia ate a metade do pescoço num corte Chanel, sua pele era pálida como a de um defunto, mas com um leve tom de rosa sobre as bochechas, seus lábios eram carnudos e vermelhos da cor de uma maçã pronta para ser delicada; o corpo dela era escultural como o de uma modelo. Seu marido também era bonito, mas sua beleza escondia-se ao lado de Sofia.

Certo dia Sofia dormia profundamente sobre sua cama macia, o lençol fino e branco cobria suavemente seu corpo, de repente o barulho de uma porta batendo a acordou, era Roberto, ele entrou gritando para acorda todos propositalmente.

-Mulher, onde esta meu jantar?

Sofia não se levantou, então, ele não satisfeito gritou mais alto.

-Mulher, onde estar meu jantar? Estou com fome.

Então, pelo tom de voz, Sofia percebeu que ele estava bêbado, e se deu conta de que era a segunda vez naquela semana. Ela se assustou quando Roberto abriu a porta bruscamente e com força arrancou Sofia para fora da cama e a levou para fora do quarto e começaram a discutir, e a discussão acordou Maria Clara, que assustada se trancou no quarto chorando. E Roberto gritando falou:

-Por que você não desceu para servi meu jantar? Não me respeita mais?

-Não é isso, você está bêbado e não esta na mínima condição de conversar.

-E o que tu tem pra conversa?Tem outro cara? É isso?

-Como vou ter outro cara se nem saio de casa?

-Então me beija.

-NÃO! Você está bêbado.

-Ta vendo? Tem outro cara!

Roberto apertou com muita força o braço de Sofia de tanta raiva.

-Me solta Roberto! – Ela gritou.

-Não, enquanto você não me dizer quem é esse cara.

-Não tem ninguém.

Sofia fez um movimento tão brusco para se soltar que Roberto caiu do alto da escada, sobre uma mesa de vidro. Ela assustada desceu para ajudá-lo e quando colocou o ouvido perto do peito dele percebeu que o coração não batia mais, então desesperada fugiu com sua filha para outra cidade e começou a procurar emprego para sustentar Maria Clara, só que achar emprego estava difícil, pois Sofia não completou os estudos, sendo assim ela achou melhor virar dançarina de cabaré para arranjar dinheiro da forma mais fácil.

Cinco anos se passaram e Sofia continuava dançando, mas ela já não dançava por obrigação, pois Maria Clara estava com 18 anos e morava com a avó em outro país, mas dançava por que gostava do que fazia.

Num dia comum, apareceu no cabaré um rapaz diferente dos outros, ele estava sentado sozinho em uma mesa fumando um cigarro e com os olhos vidrados em Sofia. Ele usava um terno preto, tinha um olhar misterioso sedutor, era um rapaz bastante atraente, tinha os ombros largos e retos, sua pele era tão pálida quanto à de Sofia, seus olhos eram castanho claro e seus cabelos eram negros e lisos com um penteado perfeito.

Sofia dançou sedutoramente como em todas as outras noites, e quando chegou ao final do expediente, o rapaz misterioso estava na porta a sua espera, a primeira coisa que ela sentiu foi medo, mas quando ele a olhou e começou a falar, parece que todo seu medo havia sumido.

-Oi, meu nome é Gabriel. Não fique assustada, mas é que...

-Ah sim, você é fã do meu trabalho? –Disse Sofia alegremente

-Não sei se você percebeu, mas é a primeira vez que eu venho aqui, e acredite, eu não costumo convidar alguém para almoçar à primeira vista, mas eu preciso lhe fazer este convite. Você aceita?

-Não sei.

-Por favor.

-Tudo bem onde?

-Aqui nesse restaurante.

Ele deu a ela o cartão de um restaurante de classe alta.

-Mas não é muito caro?

-Não quero que se preocupe com isso, se eu estou lhe convidando então eu pago. –Ele sorriu.

-Tudo bem.

-Te espero lá às 12h30min.

-Certo.

-Até amanhã e boa noite. –Gabriel deu um beijo suave sobre a mão direita de Sofia.

-Boa noite.

No dia seguinte Sofia acordou pensando no almoço e no belo rapaz que estaria a sua espera, quando ela olhou no relógio e viu que já eram 11h30min se deu conta de que tinha que se arrumar para o encontro, e colocou um vestido azul que delineava perfeitamente seu corpo. Então ela saiu a caminho do restaurante.

Chegando lá Gabriel estava a sua espera, ele se levantou e puxou uma cadeira para Sofia dizendo:

-Você é pontual!

-Obrigada! –Ela respondeu com um lindo sorriso.

Sofia se sentou e não conseguia parar de olhar para o rosto indecifrável de Gabriel. Então, ele percebeu e perguntou:

-Por que você me olha tanto?

-Estou tentando descobrir como você é através do seu olhar.

-Eu acho que vai ser meio difícil. É melhor eu contar um pouco sobre mim. Por onde eu começo?

-Como você acha que você é?

-Sou inteligente, rico, discreto e moro sozinho, não sou de sair contando sobre minha vida a qualquer um, você é a primeira pessoa que eu conto sobre mim antes de saber algo de você.

-Então conta logo. –Disse Sofia ansiosa.

-Tudo bem. Eu nasci em “berço de ouro”, minha família é bastante tradicional, rica, você já deve ter escutado falar sobre a família Montello, pois é; eu sou um deles, mas não sou como eles, meus pais me chamam de “a ovelha negra” da família, e me chamaram assim a vida toda, só porque eu não quis seguir o negocio da família, e é por isso que quando fiquei maior comprei um apartamento com as ações que eu tinha na empresa do meu pai, venho levando a vida solitária ate hoje. Agora é sua vez, me conta um pouco sobre sua vida.

-Bom, nasci em uma família de classe média, meus pais nunca me chamaram de “ovelha negra” da família, ao contrario eles sempre me deram muito amor e carinho, quando eu tinha 15 anos meus pais morreram em um acidente de carro, depois morei um tempo com a minha avó, quando ela morreu eu já tinha 18 anos, então morei um tempo sozinha, depois eu casei e tive uma filha chamada Maria Clara, depois de casados meu marido começou a beber com muita freqüência e a ficar agressivo, em um certo dia eu e minha filha estávamos dormindo então ele chegou gritando e bêbado, me arrancou do quarto para brigarmos, ele apertou meu braço com muita força e sem querer eu o empurrei para me soltar que acidentalmente ele caiu do alto da escada sobre uma mesa de vidro, então ele morreu. Até hoje me culpo pela morte dele.

-Não foi sua culpa, você mesma disse que acidentalmente ele caiu da escada, não foi culpa sua.

Gabriel segurou a mão de Sofia para acalmá-la.

-Obrigada por ser tão atencioso, mas agora eu preciso ir. –Disse sofia pegando sua bolsa e dirigindo-se rapidamente a porta do restaurante.

Então a noite chegou e mais uma vez Gabriel estava na porta do cabaré à espera de Sofia. Quando ela saiu, ele se aproximou e disse.

-Quero lhe fazer um convite.

-Faça.

-Quero que amanhã você vá conhecer meu apartamento. Você quer ir?

-Claro! Mas aonde é?

-Aqui está o endereço. –Gabriel colocou um papel com o endereço sobre a palma da mão de Sofia.

-Amanhã eu estarei lá!

-E eu estarei lá lhe esperando.

Então no outro dia ele foi até o apartamento dele e bateu na porta. Gabriel atendeu e disse.

-Você veio! –Ele deu um meio sorriso.

-Não. Isso é só uma visão do futuro. –Disse Sofia debochando dele.

-Isso foi sarcasmo.

-Não eu não faria isso. Quer saber? Foi, foi sim.-Sofia começou a rir dele.

-Tudo bem eu estou acostumado com isso. Pode entrar.

Sofia entrou e ficou impressionada com o que viu. O apartamento dele era tão grande que parecia uma casa. Gabriel a levou até o sofá e disse.

-Sente-se quero lhe fazer uma pergunta.

-Por que você decidiu trabalhar em um cabaré?

-Quando meu marido morreu, eu tive que procurar emprego para sustentar minha filha, e como eu não achava trabalho em lugar algum por conta de eu não ter completado meus estudos, eu tive que virar dançarina de cabaré , mas depois de um tempo eu comecei a gostar do que faço, por isso que eu danço até hoje.

-Sofia, eu tenho que lhe fazer uma pergunta. –Disse Gabriel.

-Então faça.

-Você acredita em amor á primeira vista?

-Claro que sim. Mas por que você esta me perguntando isso?

-Porque foi o que senti quando vi você.

-É impossível. Como uma pessoa como você pode se apaixonar por uma dançarina de cabaré? –Disse Sofia indignada.

-Você não é diferente das outras pessoas só porque é dançarina de cabaré.

-Que estranho.

-O que é estranho?

-Como pessoas tão diferentes podem sentir sentimentos tão parecidos?

-Você esta tentando dizer que esta apaixonada por mim?

-Sim.

Gabriel aproximou-se de Sofia, segurou delicadamente em sua mão direita e a beijou.

Um ano se passou, e ele continuava a ir ao cabaré para admirar sua amada, e durante uma das apresentações de Sofia, Gabriel subiu ao palco com um coração revestido a ouro e com um anel dentro disse:

-Estou lhe dando este coração simbolizando o meu e com este anel lhe peço em casamento. Você aceita?

-É claro que aceito!

Sofia o abraçou fortemente, e todos que estavam no cabaré aplaudiram aquela declaração de amor.

Depois de alguns meses se casaram. Durante um longo tempo foram felizes, mas por algum motivo Sofia começou a trair Gabriel com outro rapaz, mas ele descobriu e decidiu não contar nada a ela por um tempo.

Num certo dia ela chegou em casa toda amorosa com ele. Gabriel a olhou nos olhos e perguntou:

-Você esta me traindo?

-CLARO QUE NÃO. –Gritou Sofia.

-Tudo bem. Eu acredito em você.

Ele a beijou e fizeram amor como nunca. Gabriel se levantou e pegou um revolver que estava dentro do guarda-roupa e Sofia assustada perguntou:

-O que você vai fazer? Me matar?

Ele se aproximou dela e lhe deu o beijo mais doce que ele já havia recebido, e disse:

-Meu último desejo antes da sua morte.

Gabriel deu três tiros bem no coração de Sofia e disse:

-O coração que nunca foi realmente meu.

Depois do crime ele largou o revolver sobre a cama e saiu do apartamento como se nada tivesse acontecido, e nunca mais ouviram falar de Gabriel Montello.

luana pena
Enviado por luana pena em 17/03/2012
Código do texto: T3559844
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