DAS PROFUNDEZAS CLAMEI...
Rastejei como verme que sou na lama pútrida e não quis olhar para o alto. De profundis clamavi:PIEDADE
Deste-me o alimento dos céus,no lodo imundo eu preferi procurar oque de comer.
De profundis clamavi:PIEDADE
Mostraste-me a beleza da luz,na sordidez das trevas insisti permanecer.
De profundis clamavi:PIEDADE
Uma,duas,três,várias vezes colocou-me no reto caminho,130 vezes voltei a rastejar na lama,no lodo...
Então:
cansaram de minhas peraltices e jogaram-me inteiro no Inferno.Rodei 3 vezes na escuridão até cair num poço profundo(hummmmm,eu já Estige aqui...).
Pélago trevoso e fervente aquele em que fui jogado.
Sob calor escaldante e dor excruciante,lamentei a má-sorte.Entretanto,a culpa-exclusivamente minha-não permitiu à outro ser alvo de minha ira,pois que havia sido reiteradas vezes advertido,e tive de descarregar a paixão violenta do ódio sobre mim mesmo.
Reneguei a vida,desejei a morte e maldisse minha existência 1.000.000 de vezes.
Quando exaurido e o braço cansado do flagelo ingente,sustive-me sobre as águas fétidas,nadei até a margem onde ví subir os muros de Dite,a cidade infernal,e entrei por seus portões,aqueles que dão acesso ás regiões mais baixas do Enfer no.
Nessa maldita cidade viví,me escondí,e:odiei!
Até encontrar a saída desse lugar de escuridão(fiofó du demo)muito tive de penar,e quando galgava o monte que é antípoda à montanha infernal,pensando que o sofrimento acabara,densa bruma cobriu meus olhos.
Assim como no mundo o véu da ira não me permitia enxergar as corretas virtudes e princípios morais,também alí nada conseguia ver.
E,pra cúmulo do desespero,jogaram-me aos ombros enorme pedra,acrescida dessas duras palavras:
-Caminha,soberba criatura!Tu,que o olhar sempre altivo tiveste,a mirar de cima teus semelhantes,julgando-te melhor que eles,olha para o alto agora!
Cego e curvado caminhei como um condenado.
Caminho agora como caminhava Dante(s).
E hoje,com toda razão de ser,posso assim dizer:
De profundis...