Conto de Terror

Ontem, no meio da tarde, perdida entre planilhas, decisões e questionamento de trabalho, uma brisa funesta se formou destes ingredientes. Uma vez imbuída em seu instinto mais perverso, esta brisa ganhou forma e viajou por centenas de quilômetros tocando os olhos daquele que me é mais caro.

Música distorcida de instrumentos mal interpretados e tocados à revelia de seus acolhedores, esta brisa virou vento e no seu intento destrutivo, chegou até o mar, até um barco. Ali, um homem forte, porém preocupado e ansioso por tempos de calmaria, respirou o vento e imediatamente seu coração se turvou.

Cordas e velas foram suspensas, o barco rangeu sob seu olhar de indagação e sob a existência de novo rumo a ser tomado.

De seus sentimentos e temores palavras e linhas se formaram e ele, como é transparente em suas emoções, mostrou ao mundo o que sentia.

Eu fui informada da sua obra e como sempre, ávida por sua escrita parti em busca da leitura.

Nas primeiras linhas, um conto de terror se descortinou. Espadas e facas afiadas ganharam forma e na oportunidade de ferir um corpo e dilacerar uma alma, se fizeram mestras e me fizeram alvo.

À medida que seguia a leitura, fui assaltada por um pânico tão intenso que nem o melhor conto de Edgar Allan Poe poderia arrancar arrepios tão profundos.

Naquelas palavras meu pior pesadelo tomava forma e ganhava vida. Eu continuei lendo até o final me sentindo protagonista compulsória de algum “conto da cripta” ou alguma história mal acabada de Stephen King.

E então veio a morte. Primeiramente como um fluxo sanguíneo invadindo todos os meus órgãos, comprimindo meu cérebro. Senti calor, quis o ar, mas não consegui respirar.

Depois, como algoz divertido que brinca com a vítima, meu corpo gelou, meus olhos vidraram e lágrimas teimosas pularam daquelas janelas que tentavam processar o conto terrível.

Por dez minutos que pareceram dez milênios, busquei respostas e tentei entender o significado daquele texto mortal. Quando por fim, me foi explicado, estava em um estado tão profundo de pânico que precisei ser resgatada com palavras, linhas e outras lágrimas de redenção.

Eram apenas linhas geradas da percepção do que eu mesmo vivia, porém, uma vez maculadas pela passagem do vento de dúvida, gerou meu conto de pavor.

Este tipo de coisa acontece com quem lê no outro mais do que letras.

Este tipo de coisa faz parte da ligação por todos os meios e formas.

Era só um conto e já nem existe mais.

Meu amor cresce a cada dia. O capitão que o recebe e o possui, sabe.

Se em algum momento, as brisas dos meus sentimentos se mostram com cores não tão conhecidas, peço perdão, são meros sopros de coisas cotidianas e sem valor.

Com você não há dúvidas, não há ventos terríveis. Com você só a certeza da brisa acolhedora, do peito aberto feito vela repleta e um barco com rumo certo.

Com você e para você, o meu amor.

Lua Sua
Enviado por Lua Sua em 15/02/2012
Código do texto: T3500424