Aliança
Um dia no tempo, os seres que se julgavam conhecedores de tudo e até de si mesmos, resolveram decidir. Decidiram por muitos milênios e por muitos assuntos. Especularam estrelas, almas, sentidos, vibrações e até mesmo a criação.
No meio do turbilhão de energia que manipulavam com as mãos, se viram possuidores de um poder inimaginável, de uma força imensurável.
Ávidos e orgulhosos com a descoberta que os cegava e com a incompreensão maldita que acenava uma igualdade com os deuses, começaram gradativamente a guerrear. Primeiramente vivenciaram batalhas internas, mas como a vaidade é sempre uma força subestimada, não demorou muito até que guerreassem entre si.
No meio do caos e da ignorância, mundos ruíram, vidas foram ceifadas. E os seres, que supostamente habitavam céus e viviam gloriosos, tiveram primeiro que aceitar uma crua verdade: eram humanos.
Na humanidade recém-descoberta, se viram fracos e perdidos. Se antes havia divindade na mais minúscula e falsa atitude, estava agora substituída pela constatação de que a condição humana não era movida por falsas crenças nem por orgulho forjado.
Muita dor e muita luta foi travada em mundos obscuros. Até que por fim, a divindade se fez presente. Nas almas maculadas e sedentas, sementes começaram a ser plantadas. Pouco a pouco, a cegueira alimentada pela cobiça e pela arrogância foi ruindo e gradativamente, o humano foi tomando consciência de que há sempre uma razão, uma vontade e um poder superior.
Aceitação não é fácil. Nem compaixão ou humildade.
Nos muitos milênios que vieram, muitos seres evoluíram, muitos deles tomaram formas de luz e aprenderam o que é sabedoria, bondade e compreensão.
Faltava ainda o mais caro, o retorno aos céus ancestrais. E, como a divindade é ciente, sábia e infinitamente compreensiva, lançou para estes seres uma aliança sem precedentes: a oportunidade da religação entre o Deus de todos os tempos e a incontestável condição humana. Estava feita a Arca da Aliança. Humanização e Divindade metaforicamente transmutada em letras.
E assim se fez a história.
Quem acreditou, hoje caminha como homem e mulher.
Quem não compreendeu, jamais será filho desta jornada.
E assim é, meu amigo.
Quem perde a compreensão e não aceita esta condição, jamais será completo nesta vida. Será sempre metade humano, metade busca, metade nada.
Fica a lição.
Quem quer ser meio bicho, meio gente?
Eu não!
Amo por inteiro, vivo por completo.
Porque negar a sabedoria divina e negar a si mesmo
É o primeiro degrau para a morte.