Ao adentrar à pequena e charmosa estrada que leva até a fazenda Água das Flores fui tomado de um sentimento nostálgico. Que dificilmente conseguiria explicar.

  Vieram flashes de um tempo que parecia ter sido apagado, mas foi só eu chegar ali e tudo renasceu. Com tamanha força que meu peito doía.

  Ainda estão de sentinela os eucaliptos a beira da estrada, muito mais fortes que outrora.

  Como se fossem os guardiões de um passado que cumpria pena na prisão esquecimento e agora tem sua soltura declarada. Sim, hoje o passado recebeu absolvição.

  Ainda longe avisto a porteira que nunca foi fechada em sinal de boas vindas, como se estivesse de braços abertos me esperando para um abraço cheio de saudade.

  A exatos duzentos e dois metros dali está a grande casa onde antigamente foi palco de muitas alegrias.  A mesa que tem mais de vinte lugares ainda se encontra ornada das mais variadas qualidades de flores que só eram tiradas quando todos se reuniam para celebrar alguma data importante.

  A chaminé enegrecida pelos anos golfava uma fumaça branca que serpenteava mansa ao ritmo da brisa morna de uma tarde de verão.

  Quanto mais perto eu chegava, mais saudades eu sentia.

  O aparecimento das nuvens crepusculares ocasionava encanto ao momento vivido. O coaxar dos sapos já se faziam ouvir num anuncio de noite quente.

  À porta da grande casa Tia Ana me aguardava impaciente com aquele sorriso amoroso que poucos têm o Dom de possuir.

 -- Cido! Paulinho chegou! Vem Cido!

  Pude ouvir seu grito eufórico avisando meu tio que eu acabara de chegar.

  O abraço longo dispensou palavras. As lagrimas se misturavam aos doces beijos de carinhos de Tia Ana. E eu depois de tantos anos me sentia novamente em casa...


 

 
Paulo Moreno
Enviado por Paulo Moreno em 18/01/2012
Código do texto: T3447897
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.