Férias de outubro

Catuquiras são o demônio. No meio do Cerrado Tocantinense, ofegante, as pernas doídas, era o que me passava pela cabeça. Elas estavam comendo minhas orelhas, mesmo com aquele repelente melento de cravo-da-índia. Eu parecia um doce de banana. Mas precisava de foco. Esqueça essas mutucas! O detector de artefatos, pendurado no notebook, indicava que o objeto estava perto. O fim de 4 anos de busca árdua, com pouca ajuda e recursos. Ninguém contribuiu com coordenadas ou dinheiro. Ninguém soube dessa ideia. Melhor guardar a aventura somente pra mim, senão acabaria trancafiado em alguma instituição na Zona Sul, viciado em tranquilizantes. As imagens não eram precisas e os indícios eram poucos. Guiavam-me apenas a intuição e a vontade. Doppler do inferno! GPS maldito! Vai dar pau agora, caceta?! Mas a paciência era minha companheira e eu já sentia o perfume da recompensa. Era ali. Cada célula minha gritava que era ali. Embaixo da rocha escondida entre as tiriricas, comecei a cavar e lá a fortuna me esperava. Enfim o grande prêmio, a conquista de uma vida, o desejo de uma geração inteira. Depois de tantas eras desaparecida, jazia intacta, brilhando como dela eu me lembrava. Era, enfim, o momento de derrubar a horda. O coração pulando, as mãos trêmulas, empunhei a peça mágica apontada para o céu e gritei insano: PELOS PODERES DE GRAYSKULL!!!

O foda era ter que usar a sunga de texugo...