Em Fim

De uma outra esfera as vozes carregadas de ponderações risíveis vem e açoitam seu costurado corpo. Foi simples chegar ali: acordou mais (des)motivado que o normal e procurou abrigo diante de um trem em movimento. A pancada o colocou em óbito e as afiadas rodas quentes fizeram o resto do serviço; picotando-o, rasgando-o inteiro; queimando e dilacerando seu corpo sem piedade alguma. Morto. Pedacinhos espalhados com a brancura do CO2 dos extintores afogueados dos seguranças. Um milhão de praguejações de pessoas atrasadas remetidas ao infeliz que decidiu se matar; a celeuma rasa de uma camarilha ignóbil de bois de um rebanho babaca, bradando liberdade e felicidade numa vida alienada, indesejada e cheia de sofrimentos contínuos. Extinto nesta esfera, vagando com seus retalhos noutra. Enfim, livre, lá, enquanto aqui é produto de analogias rasas com a dureza da vida de quem não se conhece, de quem NÃO SE TEM OS NERVOS INTERLIGADOS a seu corpo - PORTANTO, HÁ A ABISSAL DIFERENÇA SUBJETIVA de (querer) (ou não) VIVER. Enfim, faria de novo, se pudesse. Se já não tivesse dado, enfim, o sentido que sua vida nunca teve.

25/11/2011 - 12h47m

Rafael P Abreu
Enviado por Rafael P Abreu em 25/11/2011
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