Santuário

Os galhos e folhas das árvores pareciam se balançar obscenamente, o próprio som do vento batendo nas folhas era luxuriante, a horrorizava. As sombras se moviam ao seu redor, em um êxtase maldito, olhos vermelhos e luminosos espreitavam, mas ela não conseguiria escapar a seu destino, o mal tinha na escuridão seus domínios e usaria de todos os artifícios para perverter sua jovem alma ainda inocente. Ela corre o mais rápido que pode, seu corpo está cansado e ela sente suas pernas vacilarem e seu estomago reagir ao cheiro nauseante de... Enxofre.

A meia lua é ocultada por negras nuvens, o breu devora-lhe suas últimas esperanças, murmúrios profanos a perseguem, ela está perto, no limiar entre a estrada e sua perdição, já consegue com dificuldade avistar as tochas ao longe, apenas mais alguns passos e...

Ela tropeça na raiz de uma das arvores, seu corpo alvo e mal coberto por uma camisola branca transpira, sua respiração falseia. Os murmúrios se tornam ainda mais inquietantes, como lhe propondo as delicias da noite eterna, ela leva as mãos aos ouvidos, mas é inútil, era como se as vozes já fizessem parte de sua mente.

Um odioso animal então se achega a sua vitima, e se põe a subir lentamente pelo seu tremulo corpo, a pele viscosa arrastando-se em sua pele lisa, sobe-lhe pelas pernas, percorrendo-lhe a coxa, ventre, barriga e aninha-se entre seus seios, encarando-a de perto, desafiadora. A mulher começa a rezar silenciosamente, mas nem em seus pensamentos sentia-se segura.

- “Bom Deus, concedei-me misericórdia”.

O réptil, então, subiu-lhe ainda até o pescoço onde com sua viperina língua arrepiou-lhe o corpo em uma voluptuosa lambida, pondo-se então a descer novamente, ela sabia agora que estava condenada, o réptil desce lentamente por sobre seus mamilos intumescidos, escorrega-lhe entre as coxas e se vai, desaparecendo na escuridão. Os murmúrios cessam.

- Bom Deus, obrigada! – diz a mulher, aliviada.

É quando ela percebe a folhagem a sua volta se agitar e dezenas de sibilares a cercarem, o estranho odor forte aumenta e centenas de olhos faiscantes surgem do breu. A mulher grita o mais alto e forte que pode, até uma das criaturas malditas atirar-se dentro de sua boca penetrando-lhe até bem fundo na garganta. Outras dezenas avançaram sobre a infeliz, violando-lhe o corpo e devorando-lhe a carne enquanto a terra de negro barro afundava, a agonia durou até que o chão, junto com as criaturas profanas a tragasse.

Na manhã seguinte os aldeões com seus fieis cães procuram pela mata fechada à irmã Anjeline. Os cães param a beira de um enorme buraco que surgira perto da estrada, latem muito. Então, de repente eles silenciam e se afastam pondo-se a se esconderem detrás das pernas de seus donos. Um dos homens se aproxima para ver se a irmã não teria caído lá dentro, mas o buraco está vazio, somente um pequeno crucifixo de prata brilha em meio à verdura das folhagens, o homem o toma em suas mãos e guarda-o com cuidado dentro de uma pequena bolsa. Os homens, então, retornam para suas casas desapontados.

Caterine Araújo
Enviado por Caterine Araújo em 13/11/2011
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