Pedofilia e adultério antes de dormir durante um jantar entre amigos

Estava naquela noite, como vinha acontecendo já havia algum tempo, na frente de seu computador a buscar vídeos bizarros na internet, coisas como flagrantes de assassinato, suicídio, estupro, acidentes de transito, todo o tipo de coisa que mostrasse a fragilidade da vida humana ou as mais variadas espécies de neuroses, explosões de sentimentos, distúrbios comportamentais ou qualquer tipo de demência. Não era algo que o excitava, de maneira alguma, era uma espécie de compulsão. Usava uma técnica que ele mesmo criara para pesquisar coisas pouco usuais ou ilegais, colocava alguma sigla ou palavra em inglês para chave de busca no Google, logo em seguida clicava em “estou com sorte” e lá ia Ivan. É certo que na maioria das vezes não funcionava, mas já conseguira bons resultados, chegou mesmo a descobrir um flagrante de adultério com câmera escondida. Era um caso curioso em que o marido revoltado, depois de contratar detetive particular e constatar o caso da esposa com um primo, resolveu esconder câmeras por toda a casa antes de acabar com o casamento de sete anos. Gravados os vídeos ele resolveu jogar num site adulto com titulo “maior vadia do mundo”.

Naquela noite Ivan digitou “pinf-young” e fez seu procedimento de sempre, mas para sua surpresa o site que se abriu era pornográfico. Nada de muito diferente de tantos outros que já havia visitado antes, salvo o link para um vídeo que chamou sua atenção onde a garota parecia ser menor idade. Clicou. Estava naquele momento diante de um vídeo que parecia ser de pedofilia, uma garota que parecia ter 12 ou 13 anos, olhos puxados, corpo púbere, sem muito mais curvas que garoto de sua mesma idade, seios que pareciam ainda não terem terminado de germinar e o rosto ainda recendendo ao frescor da idade, estava sendo penetrada. Ivan, ali sentado naquela poltrona, frente aquele monitor não tinha ação nenhuma, estava consumido, seus olhos ardiam a cada piscada. Por momentos seu pensamento se voltava para si e se perguntava por que raios estava vendo algo tão bizarro e com tanto fascínio, mas eram pensamentos débeis, que já naquele momento não tinham força alguma, não podia parar de

olhar. A menina tentava a todo custo passar uma imagem de prazer para a câmera, mas o pênis adulto que lhe penetrava tão impiedosamente a pequenina vulva de 12 anos fazia com que se desenhasse em seu rosto um estranho quadro, onde ela espremia os olhos, escondia ambos os lábios na pequenina boca, abria-os numa explosão de gemido mudo quando já não podia

agüentar outra investida de seu algoz, que parecia beirar os quarenta anos e que parecia muito satisfeito com o que fazia. Ivan observava aquela cena abismado, mente vazia, olhos arregalados, totalmente corcunda em sua cadeira que trazia no acento, o desuso do couro e nas ferragens aqui ali carcomidas pela ferrugem dos tempos, aquela típica aparência dos moveis velhos.

Nesse momento algo no canto inferior direito do monitor começou a chamar-lhe atenção, era um aviso de download concluído. Sem pensar que poderia ser um vírus abriu. Uma nova janela se abriu com uma torrente de cortes de vídeos uns após os outros com cenas de adultos abusando de crianças, crianças de fato, algumas pareciam mesmo ter 4 anos de idade, meninos e meninas, sempre com homens. Chocou-se, sobretudo, quando viu uma linda menininha alva, de

cachos dourados e olhos azuis, usando um vestidinho de azul tão pequeno e delicado que mais parecia pertencer a uma de suas bonecas do que a ela de fato, engolir sem o menor repudio, o sêmen que vinha de um pênis anônimo amparado por uma mão tremula e caucasiana. Não havia qualquer sinal de trauma naquele rosto, a mais pura beatitude, nenhuma lágrima, apenas a

habitual careta que uma criança faz ao tomar algum medicamento. O extremo da inocência e o mais louco extremo do absurdo da demência humana. Restavam ainda seis minutos e alguns segundos de filme. Não conseguiu prosseguir.

Fechou tudo, desligou o computador, reclinou a cadeira e ficou fitando o teto. Sua mente tentava organizar os fatos que tinham se passado, o que

eram aquelas sensações? O que estava sentindo logo após ver aquele show de horrores? Mas ficou surpreso mesmo ao constatar uma ereção, chocado consigo mesmo teve pudor de tocar em suas próprias partes intimas. Pensava agora que havia atingido o limite que tanto buscava nesse estranho jogo que jogava consigo, mas não gostava do resultado. Ficaria ali divagando por horas

não fossem as batidas na porta.

- Oi – disse Verônica e com a mesma rispidez e secura do cumprimento deixando a bolsa sobre a mesa de centro da sala – tentei te ligar até agora, onde você estava?

- Bem aqui onde você está vendo – a ira dela não o afetou, ainda se recuperava do acontecido anteriormente – o celular tá sem bateria e eu me esqueci de pôr pra carregar.

- Só me responde uma coisa, por quê fez tudo aquilo? Me encheu de elogios, se dispôs a fazer todos os meus gostos, por quê? Pra me deixar assim? Me sentindo usada? – seus olhos já começavam a ficar rasos de lágrimas, ela realmente precisava desabafar.

Ele revirou os olhos, já não tinha mais paciência para aquele tipo de conversa que, bem o sabia, não levaria a outra coisa além de outro sexo ofegante e desesperado que demandaria um esforço tremendo da parte dele. A idéia lhe pareceu muito boa a principio, mas naquele momento sentia-se particularmente estranho, como se algo houvesse conspurcado algum inocente sentimento que ainda poderia restar em sua mente, como se houvesse morrido naquele

instante a ultima esperança naquilo que se chamava humanidade e ao mesmo tempo isso tudo conflitava com a excitação que havia sentido. A imagem da menina se repetia em sua mente. Era um momento conflituoso, estava diante da mulher que amava e estava excitado, mas com o

quê de fato?

- Nossa! – Verônica percebeu a excitação dele – o que estava fazendo antes da minha chegada?

Subitamente ela mudava da raiva para o desejo, era uma mulher casada havia nove anos com um homem de quem já acumulara magoas demais para amar. Depois de tanto tempo reduzida à dona de casa era simplesmente inacreditável, para ela, ver que outro homem se excitava só de olhá-la, mesmo ela estando com raiva. Além do quê já havia algumas semanas que não faziam sexo. Com a pergunta o rosto de Ivan foi tomado por um rubor intenso.

-Nada – disse desviando o olhar do rosto dela.

-Nada? – ela se aproximou e segurou com firmeza as partes dele – E o que é isso?

-Pára com isso, não estou muito bem hoje – recuou num salto sentindo um arrepio percorrer-lhe a espinha num misto de excitação e estranhamento.

-Percebi mesmo que você não está no seu normal – Verônica sorria com volúpia, era imaginável o que se passava na mente dela ao observar a quase imperceptível mordiscada no lábio inferior.

Ivan sorriu também. Sempre sorria quando surgiam essas demonstrações de desejo dela. Depressivo que era sempre surgia, em menor ou maior escala, um sorriso sempre que alguém demonstrava apreço por ele. Mas de repente surgiu-lhe outra vez a imagem da menina. Afastou-se mais.

- Vem cá – disse ela com aquela voz característica das mulheres que mais lembra um ronronar de gato, seu desejo crescia a cada recuo dele.

- Nã... – não pôde terminar, um tapa veloz virou-lhe o rosto com estalo alto e seco, tão forte que o fez sentir formigar o rosto segundos depois.

- Pára de falar não pra mim! – desvairada Verônica puxou-o para si, ele sorria – você adora quando eu te bato né? Você é muito cachorro.

Ele já não podia mais resistir aquele joguinho, que mesclava sua carência com a bipolaridade dela. Pegou-a no colo e jogou-se com Verônica em cima do sofá. Ali fizeram um sexo afoito, ofegante, desesperado, repleto de palavras obscenas e olhares. Vez por outra trocavam tapas, ela no rosto dele, ele nos quadris dela a proferir mais palavras obscenas, puxões de cabelo, olhos que reviravam gemidos... Até que num determinado momento o celular dela

tocou. No visor lia-se “casa”. O marido queria noticias, ignorou. Ivan se incomodou com a ligação do marido, todo o sofrimento daquele relacionamento vinha-lhe a mente, momentos de abandono e solidão, tudo que um amante sofre quando se apaixona por uma pessoa com quem jamais vai ter um elacionamento normal, coisa que somente quem vivenciou pode saber mas jamais descrever o que é. No entanto, tudo isso não passou de alguns segundos, louco que

estava, nenhuma impressão permaneceria por muito tempo. Outro toque, Verônica precisava atender, não tinha desculpas para não atender. Foi quando um lampejo de uma idéia brilhou nos olhos dela. Desvencilhou-se dele, ajoelhou-se de costas debruçando-se assim sobre a mesa de centro e olhou-o. Mechas de cabelo caiam sobre sua face, uma delas escondeu-lhe o olho

esquerdo, dando-lhe um ar ainda mais sexy. Assim sem quaisquer palavras a mensagem foi entendida por ele que sem pensar avançou.

- Oi mô – Verônica tinha voz ofegante.

- Oi, onde você está? Você está respirando fundo – disse o marido estranhando a voz da esposa que parecia estar em constante movimento.

- É que eu estou, fffff,... na academia...uuffff, aconteceu alguma coisa fffff?

Ivan observava a conversa dela ao telefone, um sorriso surgiu-lhe no canto da boca, resolveu que aumentaria a força de seus movimentos a cada palavra que ela dissesse algo. Uma deliciosa maldade, era ela e não era ao mesmo tempo a quem ele causava dor. Enquanto isso, do outro lado da linha, o marido continuava.

- Não, nada demais, eu chamei o Wagner pra jantar com a gente hoje à noite, liguei pra saber se você não podia fazer aquele macarrão com queijo.

- Tá... mas, ufff tem que liberar dinheiro pra comprar as coisas, ahh!

- Que foi?

- N.. nada – olhou pra trás e viu a satisfação no rosto dele – ufff, tropecei.

- Cuidado. Quer dizer que eu vou ter de liberar dinheiro de novo?

Ivan sentia um misto de prazer voyeurístico e exibicionista, ao mesmo tempo em que descarregava um pouco das magoas que tinha dela que apesar da dor queria mais.

- Ãhã... – foi tudo que Verônica conseguiu dizer, estava ficando cada vez mais difícil falar.

- Então tá bom, eu vou trabalhar se não vou matar você te obrigando a falar e correr ao mesmo tempo, e vê se queima umas calorias, tá meio gordinha – disse o marido em tom de chacota.

- Pode deixar amor ufff... – ela sorriu e olhou para Ele – vou chegar bem magrinha uffff, hoje... beijo, tchau

- Te amo. - ufff, também.

Verônica não ouviu mais nada, desligou o celular e jogou-o a esmo.

Riram e conversaram alegremente, após um intenso orgasmo, enquanto ela se vestia, tinha de ir ainda ao supermercado e não podia ficar mais tempo. Riram com uma deliciosa crueldade do que haviam feito.

- Vou ficar mais esperto quando você disser que está na academia.

- Agora que você já sabe dessa eu inventar outra mais convincente – ironizou.

- Maldição das mulheres.

- Maldição para os homens hahaha, você não quer vir?

- Ainda me lembro de um tempo em que você ainda tinha vergonha na cara – disse ele em tom de piada.

-Hahaha, seu besta.

Ele se rejubilava intimamente de ter sido o coadjuvante daquela cena, foi o algoz de seu algoz, como se tivesse a possuído na frente do marido impotente, tomava em suas mãos o poder do macho alfa, possuía o que havia de mais intimo nela, conspurcava com violência a pseudo castidade daquele casamento cristão, sentia-se um autêntico aventureiro, o prazer único de se sentir um homem no extremo de sua potência. Momentos depois ela caminhava em direção ao carro relembrando cada um dos momentos passados, e mais tarde, enquanto fazia compras, vez por outra surgia no rosto dela o sorriso único de mulher que se sente amada, a única amada caminhando entre aquelas consumidoras noturnas indiferentes a qualquer coisa do mundo, com seus maridos insensíveis e ruins de cama. Riu-se quando uma mulher tentou furar a fila do açougue na frente de outra, mas foi impedida por outra dona de casa que ali estava. Era gorda e não estava nos seus melhores dias, nenhuma discussão, mas os olhares diziam toda a sorte de xingamentos. “Mau amadas” pensou, e sorrindo dirigiu-se aos caixas com suas carnes.

Ivan, quedo na cama tão conhecida da sua solidão, assistia televisão sem atentar a qualquer coisa que passava ante seus olhos. Um mosquito picou-lhe o pé que escapava por de baixo do lençol, fato que o trouxe de volta a Terra a tempo de ver a reportagem sobre a captura de mais um pedófilo. “A que ponto chegam as compulsões dos homens” pensou. Por alguns momentos ficou ali a refletir sobre os acontecimentos da tarde, pensava na mediocridade daquele relacionamento, no que era aquele amor intenso o que o fazia se sentir tão usado,

divagou por cada um dos encontros que teve com ela. Amaldiçoou o dia em que a conheceu naquele jantar entre amigos. Ali deitado na cama pensou que se usasse a lógica sentimental neurótica das feminina, estaria se sentindo mal, usado, mas não era bem essa a palavra que definia o que estava sentindo. Logo adormeceu pesando que talvez a solução para os problemas da humanidade seria Krishnamurti, uma vida sem memória, um utópico e objetivo olhar sobre a

realidade, sem conflitos interiores, mas seria mais divertido se fosse como naquele filme “A concepção”.

Enquanto isso, não muito longe dali, na sala de uma casa de classe media alta num bairro das proximidades do centro, um alegre jantar entre amigos acontecia.

- Você tá diferente – disse a esposa de Wagner a Verônica.

- Jura? – disse lisonjeada.

- Tá mais bonita, fez alguma coisa no cabelo?

Verônica sorriu envaidecida e antes que pudesse responder seu marido interrompeu.

- Ela malhou hoje – disse o marido orgulhoso ao ressaltar para o amigo e a amiga que tinha uma mulher que se cuidava, afinal quando sua esposa se recuperava do segundo parto Wagner sempre dizia ao amigo “filho é foda né, elas engordam pra caralho”.