.

“O que devo fazer? Se todas perguntas possíveis já foram feitas. Ele está cansado. Não quer mais brigar, muito menos escrever. Se cansou dele. Na verdade se cansou das pessoas. Tudo que olha em volta é vazio, obscuro. Tudo que aqui poderia ter sua cor... não tem. Às vezes nem uma imagem forma, mas sim sua ‘representação’.

A caneta, antes sua fonte de devoção, agora não lhe é suficiente. Tem medo de palavras. Elas machucam. Também tem medo de dizer, falar. Expressar-se, não esconder-se.

Seus personagens se esgotaram. Não existe mais razão para criar. Não existe é nada.

O que ele fez?

Dói se auto enganar. Ele que sempre foi tão feliz. Rá!Suas histórias eram felizes, cheias de fantasias. Ele? Se reinventava nelas. Criava “eus” para chamar de “mim’s”. Entende?

Ele tem raiva, muita raiva. Quer, por agora, queimar este papel. Apagar toda essa contradição. Quer gritar. Quer correr. Mostrar pro mundo sua força.

Ele, ah...quer tanta coisa.

Seus olhos não mentem. Nunca mentiram. Na sua mente, criara milhões de mentiras. Mas só invenção. Nunca as usou. Tinha medo de se tornar ousado demais.

Demais.

Sempre teve me...”

A caneta atingiu o chão tão brutalmente, fazendo seu último som ressoar todos seus sentidos: o escritor morrera.

Mariana Rufato
Enviado por Mariana Rufato em 27/10/2011
Reeditado em 08/06/2013
Código do texto: T3301823
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.