INUMANOS
Guiando a moto pela estrada,
Vi a figura de três ébrios humanos,
Um homem de passos incertos,
Moreno, sem camisa e temulento decerto.
Mais a frente pelo caminho a marchar,
Um casal que o sol faz arrancar,
O homem do Negus é quase semelhante,
A mulher cingida de trapos escaldantes.
Donde vêm?
Onde irão os três espectros?
A estrada não leva a cidade,
Ruma prás bandas do Zé Chico da grota,
Onde a chaçaça brota.
Num cumprimento seco de "opa",
Vão rumando na embriaguez,
Quem é de quem nesse mundo sem vez?
Quatro cavaleiros tocam uma boiada,
Pela mesma estrada dos espectros do nada.
Espreme-os num canto da cerca,
O arame farpado entra na carne como frepa,
A dor no inumando,
O riso no humano.
Os bois seguem o destino,
Os cavaleiros perversos e sem tinos,
Gritam e xingam os desatinos,
Dos homens dono da grandeza.
Pensam possuir o juízo da realeza.
Os três espectros inumanos,
Ficam para trás com as dores,
Riscados pelos arames causadores,
Eis que a tristeza vem me denunciar os traidores,
Que pensam que são portadores,
Da escritura da estrada. Senhores
Até quando o mundo terá violentos?
Será que em todos os momentos?