Entre a loucura e a Sensatez

ALICE ABRIU OS OLHOS e visualizou o cenário a sua volta. Ás vezes, Alice não tinha noção de onde estava e entrava em pânico. Parecia que o tempo á sua frente passava rapidamente sem que ela pudesse notar ou vivenciar. É como se viajasse sem sair do lugar. Ela sentia medo disso, mas, algo a impedia de saber o que estava acontecendo. Talvez o medo.

Pessoas ao redor de Alice diziam que ela era doida. Muitos levavam na brincadeira, outros, já achavam que ela tinha senso de humor. Havia vezes que ela era saudada na rua ou em outros lugares que costumava ir e não reconhecia as pessoas. Será por quê? Parecia que ela dormia enquanto outra pessoa dentro de si se manifestava. Louco né? Alice também achava loucura. Essa mocinha achava ter um álter ego dentro de si, um a qual ela deixou de ser depois de um trauma que resolveu guardar só para si.

Alice tentava se manter ocupada. Trabalhava em uma livraria como vendedora no período da manhã. Era uma garota tímida e a vida de tanto dar rasteiras a fez se isolar do mundo não querendo amor e nem desejar tomar atitudes que magoassem as pessoas. Por mais que quisesse dar a sua opinião tinha medo de estar errada e preferia ficar quieta.

Ainda deitada em seu quarto ela pensava em David, um garoto que a fez se sentir humilhada quando estava na escola. Depois de momentos bons com ele Alice achava que estavam namorando. Ao final das aulas em um dia de sol quase no final de acabar as aulas do último ano David a ridicularizou em frente à escola toda, dizendo absurdos e a fazendo se sentir um terrível bicho asqueroso. Ela se perguntava o porquê disso tudo, achava que ele gostava dela, depois disso, nunca mais quis conhecer outro garoto. Isso, já faz mais de sete anos. Hoje ela é uma jovem de vinte e três anos.

Todo esse sentimento de rancor, raiva e muito amor acumulado à fez guardar para si sem que ninguém fora da escola soubesse. Ela não aguentava ver quando uma mulher sofria por causa de um homem. Já imaginava aquele crápula. E não sabendo por que pensou nele.

Alice sabia que de vez em quando se metia em confusões do tipo; Se encontrar em um lugar totalmente adverso que ela gosta. Ela abria os olhos e se assustava, pensava que alguém a tinha drogado ou algo assim. Isso a fez se sentir ridícula. Tem alguma coisa acontecendo comigo, o que será? Perguntava-se.

Depois de tomar um banho relaxante ela foi trabalhar. O pessoal do trabalho a admirava por sua eficiência. Alice era determinada em seu trabalho e nada mais daquilo era importante para ela. Quando os homens chegavam perto dela já existia aquele bloqueio. Era como se cada homem que chegasse perto era David e depois ela pensava nas consequências. Na humilhação. Já era tempo de esquecer tudo isso e se abrir sentimentalmente. Mas, Alice morria de medo e escondia essa vontade dentro de si.

- Bom dia Alice? – Disse Rosângela, sua colega de trabalho.

- Bom dia Rosangela. Como vai? – Respondeu.

Alice foi para sua posição. Graças a Deus que a livraria esta cheia, assim posso trabalhar sem ninguém me incomodar. Ela evitava os colegas de trabalho. Alguns diziam que ela era tímida demais para conversar e outros, que ela tinha algum problema. Ela já trabalhava há dois anos na livraria, portanto, os mais velhos já haviam se acostumado com ela. Seu gerente Xavier, Érica, a garota que trabalhava no caixa e Dion, um senhor muito simpático que fazia as entregas e que Alice quem recebia.

Sua vida era uma rotina. Ela ia trabalhar de manhã, começava as 07h00minh e saía a 13h00minh da tarde. Ia para casa, lia um livro e de noite ia dormir mais cedo. Sua mãe era enfermeira e trabalhava quase sempre às 24h do dia, seus plantões eram quase constantes pela falta de enfermeiros no hospital. Alice já havia se acostumado e sua mãe apenas ligava para saber se ela estava bem, fora isso, nunca notou o que a filha estava passando.

ANABELA SE OLHOU NO ESPELHO e ficou admirando a sua beleza.

- Ora, Ora, como sou bonita e elegante.

Ela era alta e isso já chamava atenção. Seus cabelos eram negros compridos e pretos. Sua boca era bem desenhada e carnuda e seus olhos eram grandes e desafiadores. Era segura de si e convicta dos seus sentimentos e da sua personalidade. Gostava de descolar garotos e usá-los. Sua vestimenta era totalmente diferente de Alice. Anabela gostava de usar saias curtas e blusas com decotes.

- A certinha do pau oco não gosta de mostrar o que tem, mas eu mostro.

Anabela era cara de pau quando queria alguma coisa. Tinha coragem de fazer qualquer coisa que fosse para humilhar aquelas pessoas que gostava de humilhar as outras. Ela era uma justiceira e não gostava de injustiça.

Colocou uma roupa justa e um batom vermelho que deixava seus lábios maiores do que já eram. Olhou-se mais uma vez no espelho e saiu. Garotos! Aguardem-me! Seus bobocas. Tomou um táxi e foi pela rua principal em destino do bar dançante “Dirt Dance” em homenagem ao filme. Quando chegou lá entrou e não havia um homem lá dentro que não a olhasse.

Parou no bar e pediu um drink. Assim que sentou, sentiu olhares em cima dela e gostou. Deu uma risadinha animada por saber que estava tendo o que queria. Homens idiotas. Então, um moreno alto de olhos verdes se aproximou.

- Olá. – Disse olhando para as pernas de Anabela.

- Olá gatão. - Olhou para nas unhas como se estivesse analisando a cor do esmalte. - Mas diga olá para mim e não para minhas pernas. Ok?

- Ah! Desculpa. É... que... são lindas.

- Obrigada. – Ela sorriu olhou para ele de baixo para cima, deixando depois o olhar fixo em seu olhar.

- Qual seu nome? – Perguntou.

- Anabela. Muito prazer gracinha. – Ela disse.

- Me chamo Benjamim. Eu sempre venho aqui nas sextas à noite. Nunca a vi por aqui. – Perguntou a olhando sem querer olhar outra coisa.

- E claro. Eu costumo vir aos sábados, bonitão. Só resolvi vir hoje. Mas, já estou de saída. Só vim tomar um drink.

- Espere. Para onde você vai? - Ele suplicou.

Então então pensou: Já caiu. Danadinho. Vem atrás de mim meu bem.

Ela saiu porta afora e Benjamim foi atrás. Parecia estar hipnotizado. Ela foi andando e ele a foi seguindo.

- Anabela. Onde você mora? Quer que eu a leve para casa?

- Talvez não. – Ela se virou para ele e o mesmo levou um susto. – Me leve para a sua, se você quiser. - Disse quase se encostando nele.

- Claro. - Disse, todo desequilibrado com o gesto dela.

Ele disse todo sem graça e nervoso. Parece um rapaz de colegial, aparentava ter uns dezessete anos. Mas era alto e com aparência mais velha. Era desses que Anabela gostava. Então, mais uma vez ela pensou: Colegial. Isso ai! Colegial. Tadinho.É desse que mais gosto.

- Onde você mora bonitão? – Perguntou, traçando aquele olhar hipnotizador.

- Aqui perto. Bem... Meus pais não estão em casa... Então.

- Ótimo!

Ela percebeu que uns garotos saíram porta afora e logo percebeu que estavam apostando que seu amiguinho ficaria com ela. Ao chegar à casa de Benjamim Anabela já se sentia em casa. Tirando seu mini casaco e sentando ao sofá, mostrando suas pernas. Ela olhava para ele com fome. Sorriu feito uma gata selvagem e Benjamim se aproximou.

ALICE BOCEJOU. Abriu os olhos e olhou para a janela do seu quarto. Estava se sentindo cansada não sabendo por quê. Levantou e se olhou no espelho. Parece até que usei maquiagem e dormir tarde. Era sábado e ela tinha o hábito de ir passear no parque da cidade de Kenedy. Lá havia crianças e ela gostava e também sempre levava seu livro para ler. Depois almoçava em um restaurante de frutos do mar ali perto e mais tarde voltava para casa.

Ao chegar a casa pegou seu celular para checar se alguém havia ligado. Ninguém, nem mesmo sua mãe. Desde que seu pai morrera, bem depois de terminar o colégio ela sofrera mais ainda. Vinha a sua cabeça coisas que não queria pensar. Além da humilhação que David a fez passar, a morte de seu pai a fez precisar visitar um psicólogo. O Dr. Henderson fora muito paciente a atendeu Alice com a maior cautela do mundo, embora a jovem fosse muito calada e não se ajudava em nada.

Sete anos atrás ela estava entorpecida. Suas amigas haviam deixado de falar com ela temendo ser a desgraça do ano e que sua popularidade como a garota idiota da escola influenciasse as suas amigas na época. Emily e Dóris eram suas amigas inseparáveis. Depois do que David a fez passar, elas nunca mais, mesmo depois de terminarem o colegial não voltaram a ter contato com Alice.

Depois que alguns meses, ela se confinou. Sua mãe estava percebendo que a filha não comia mais e estava com uma imagem tão horrível que parecia estar doente. Depois de sair da escola, semanas depois seu pai havia sofrido o acidente de carro. Alice já não conseguia mais dormir. Pensava em David e em seu pai. A vida já não tinha mais sentido para ela, não mais. Foi então, que sua mãe não aguentando mais vê-la naquele estado a levou ao psicólogo.

Amália achava que sua filha estava assim por causa da morte de seu pai. Alice não tinha nem 18 anos de idade e se comportava como uma criança que precisa de proteção. Amália sentiu medo, mas não podia perder o emprego. Estava na época de tirar umas férias do trabalho e assim fez, para cuidar de sua filha.

Os anos se passaram e só depois que Alice completou vinte anos é que ela havia acordado para a vida, mas nunca compartilhava com ninguém toda a dor e humilhação que sofrera. Sua mãe apenas pensava que a morte de seu marido é que estava afetando a filha, por sua apegação ao pai. Alice olhou para sua mãe e disse:

- Mãe, desculpe por tudo. Não ficarei mais aqui. Vou procurar um emprego.

Amália a beijou e ficou abraçado um tempo, sentiu alívio.

Continua....

Belly Regina
Enviado por Belly Regina em 05/10/2011
Reeditado em 30/01/2013
Código do texto: T3259796
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.