O VOVÔ VOOU!
 
Glorinha, como era chamada, toda vez que passava pela ampla biblioteca, olhava a urna colocada estratégicamente com as cinzas de Paulo companheiro de 40 anos de uma ótima união. Não sabia o fazer, pois a única coisa que ele sempre repetia era: Glorinha, não esqueça! Quando eu morrer quero ser cremado. Seus dois filhos não gostavam de falar do assunto e menos ainda o que fazer com as ditas cinzas. E, já fazia 3 anos que estava ali. Os netos maiores, não opinavam, e os gemeos Camila e Pedro, com 6 anos, não entendiam o mistério daquela bela caixinha que guardava o vovô – várias vezes – foram tirados da biblioteca, tentando desvendar o mistério...

Rindo, da lógica inocente das crianças, foi até a cozinha supervisionar o almoço, em poucos minutos estaria toda família em torno da famosa lasanha dos domingos.  Em seguida, escutou risos e conversas pelo jardim, estavam chegando. Alegremente beijou a todos e como de praxe, começaram a beliscar os aperitivos, os mais jovens foram ouvir música e os gemeos desapareceram – provavelmente estariam no jardim – brincando com o poodle mal humorado, conhecido como Barão.
A ajudante de muitos anos da família, entrou na sala e avisou: A lasanha está na mesa!

Sentaram-se todos, menos os gemeos. Glorinha levantou-se e falou alegremente, vou buscar esses dois pestinhas. Saiu para o jardim e estavam os dois saltando alegremente numa nuvem indelével de poeira que o vento levava. Aproximou-se e viu a urna aberta e a nuvem, na verdade, eram as cinzas sendo levadas pelo vento...

Olharam para ela e disseram: Viu vovó! O vovô voou!!!
Glorinha ficou olhando por uns instantes e em seguida disse: é mesmo voou pela mão de dois anjos que ele tanto amava. Pegou na mão de cada um deles e, seguiu feliz para almoçarem...
 

verdades e mentiras
Enviado por verdades e mentiras em 25/08/2011
Reeditado em 25/08/2011
Código do texto: T3181629
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