'' BOTOS, BOTOS...E OS OUTROS ? ''

                Dauvinia era jovem, moça linda, bonita, estava com seus dezenove e procurava um homem, mas não um homem qualquer, queria um jovem, moço lindo e bonito para com ela casar, e neste ano resolveu:
  
                Iria dançar e bailar nas festas juninas dos Santos Padroeiros, coisa que antes seu pai não deixava mas agora que ele para a outra vida tinha ido, que Deus o tenha, ela isto faria, dançaria a noite inteira e sua mãe por ista a bendizia, afinal moça solteira em casa por estes dias era um perigo danado.

                Escolheu o dia dos namorados, véspera do dia de Santo Antonio o santo casamenteiro, conheceu lindos moços solteiros e com todos eles dançou, namorou e quase noivou e a festa entre ela e os moços lindos e bonitos continuava e o dia de São João chegou e mais e mais moços lindos e bonitos ela conheceu e de novo com todos eles dançou, namorou e quase quase noivou e a festa continuava e o dia de São Pedro chegou e ela  dançando, namorando e quase noivando...quase!!!

                E em todos estes dias que se sucediam de festas e alegrias, ela, Dauvinia , quando a festa estava quase acabando para o rio mais perto ia acompanhada, claro, dos moços lindos e bonitos e quando amanhecia ela acordava e estava sozinha deitada na beira do rio na água gelada morrendo de frio e tendo arrepios.

                Coitada!! de nada se lembrava e pensava ela que tudo era devido ao tal de '' quentão'' que na festa havia bebido..ilusões, pensava ela, ilusões danadas que lhe deixavam muito muito cansada e esgotada...credo!!!

                E algum tempo depois quando '' aqueles dias'' pararam  de sangrar e sua barriga se avolumava, ela um pouco, um pouco só, se lembrava de que alguns dos moços lindos e bonitos lhe pediam uma 'prova de amor', uma só, e ela dava, ela deu.

               No quarto agora da casinha pequenina em que ela nasceu, nasceu tambem uma menina que Dauvinia segurava nos braços, era Prova de Amor que ela segurava e esperava com esperança que alguns dos moços lindos e bonitos viessem ver que linda a prova de amor que ela lhes tinha dado...não vieram.

               Veio um sim, era noite, Dauvinia dormia bem junto e abraçada com a filha Prova de Amor, ele passou a mão na carinha linda da sua filhinha, ela era muito parecida com ele, a menina acordou, ele sorriu, ela sorriu, estendeu o dedo e ela o agarrou na sua pequena mãozinha e ficou segurando e de novo dormiu, ele soltou o dedo e foi saindo de fininho, sem se virar, apenas colocou o chapéu branco na cabeça.

                Dauvinia no seu sono sentiu e acordou, sonolenta viu iluminado pela luz da lua cheia aquele moço lindo e bonito todo vestido de branco que pulava pela janela, foi espiar na esperança dele ve-la e voltar, não voltou, correu e no rio mergulhou, de novo subiu, e ela viu um pequeno jato d'agua saindo de seus narinas, e num relançe ele acenou com as mãos um adeus e sumiu.

               E ela se lembrou que no primeiro dia de festanças, no dia dos namorados, conheceu aquele moço lindo e bonito todo de branco vestido, ficou fascinada e com ele seguiu o caminho do rio , foi para o lugar mais fundo e ali no chão da caverna úmida e molhada a seduziu , possuiu, deflorou, amou e ela o amou tambem e de manhã ela se viu nua, pelada, na beira do rio, correu e em casa se escondeu, ninguem viu, ninguem nunca soube de nada....

               E ela, coitada, desesperada em que de novo o encontraria continuou a ir dançar e bailar nas festas dos santos padroeiros, teve vários namorados e muitos muitos moços bonitos, mas para falar a verdade, diz ela agora, nenhum tão lindo e bonito como aquele todo vestido de branco, da cabeça aos pés e quando olha para a filha hoje crescida vê no rosto dela o mesmo rosto do moço mais bonito que ela nos seus '' delírios'' encontrou...pobre!!!

               E Prova de Amor nunca soube quem era seu pai pois se parece com muitos na pequena cidade, de todos tem um pouco, deste a sombrancelha, daquele o nariz, e daquele outro a côr dos olhos, sendo assim fica dificil saber de quem a pobre infeliz é filha, a não ser...a não ser por duas pequenas perfurações no alto da cabeça da coitada, que ela disfarça, cobre com um tufo de cabelo e só ela e sua mãe sabe que ''aquilo'' ali no '' cocorutu'' existe, pois quando nasceu aquilo ali não tinha e quando seu cabelo crescia as duas pequenas narinas se desenvolviam....que coisa maluca e estranha não? mas quem conhece estas  ''estórias'', quem vive em cidades na beira de rios e melhor ainda...quem acredita e tem destes ''causos'' na familia sabe disto tudo que estou contando, com certeza!!!.

                       <><><><><><><><><><><><><><>

                  

      


AMELIA BELLA
Enviado por AMELIA BELLA em 20/08/2011
Código do texto: T3171553
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.