Minha História/Depoimento de uma morta III

Nossa vida ficava cada vez mais difícil sem papai.

Na época eu tinha onze anos quase doze, meu irmão, quinze.

Tivemos que deixar a escola no salão paroquial, onde estudávamos.

Eu na parte da manhã,Marcelo à noite. Fomos trabalhar no cafezal, pois estava chegando a época das águas e tínhamos que terminar a

colheita antes, porque se começasse a chover, ia estragar toda a colheita.

Começamos logo depois que papai foi enterrado.Até minhas amigas árvores o os pés de café com nomes, estavam tristes em ver nossa tristeza estampada em nossos rostos. então resolvi enterrar minha tristeza e ajudar mamãe a se recuperar mais depressa.

Desde aquele dia redobramos a atenção.Marcelo mamãe e eu passamos a tomar cuidado com tudo que ocorresse a nossa volta.

Minha mãezinha mandou Marcelo ir procurar alguns peões para

ajudar na colheita, porque só nós três não íamos dar conta de fazer todo serviço à tempo.Quando voltou trouxe somente dois homens, os demais estavam já trabalhando para o fazendeiro.

Chegaram ressabiados e temerosos.Desmotivados por causa da superstição: Achavam que papai iria "aparecer" para eles cobrando o serviço bem feito...

Meus amigos pés de café, estavam saudosos de nossas conversas e de minha correria ao redor deles ,mas não dava mais para brincar com eles, nem correr atrás das borboletas ou passar horas observando os esquilos roendo grãos de café sêco.

maggí
Enviado por maggí em 13/08/2011
Reeditado em 14/08/2011
Código do texto: T3156885