Justificativa Clichê

Cidade apática. Cidade estática. Montes de lixo nas esquinas; barris-fogueiras abandonados nas esquinas. Ando desolado pelas alamedas de asfalto liso e novo, bem como pelas vielas de terra das favelas. Fios e cabos impregnados pela tensão que de mim emana enquanto ando cabisbaixo com os ombros derreados, com toda a empáfia de quem carrega em si enormes derrotas; agressividade velada no olhar opaco de complacência com as imundícies e injustiças da(s) alma(s).

Fui traído, desconfiado, subjugado, menosprezado, e, na ponta de meus polegares, encontrei minha redenção: a crosta de sangue seco neles coça e suscita um vestígiozinho de remorso que é depauperado pelo meu orgulho e pela minha lógica.

Mas, estamos enfim curados, porque, amor, o que os olhos não vêem, o coração não sente.

31/07/2011 - 16h45m

Rafael P Abreu
Enviado por Rafael P Abreu em 31/07/2011
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