Sr. Maklof

Piotr estava fulo da vida. A KGB tinha o mandado em missão para Viena. Sua missão era proteger o Sr. Maklof, um homem que parece nunca ter pegado em uma enxada na vida. Ele e seu odioso disfarce de burguês. Primeiro, o pegou na estação, depois o levou até o hotel onde passou a noite toda se revezando com um colega na vigilância do quarto do tal agente secreto.

O objetivo era claro: impedir que o Robert Bird, o americano, não vença Alexei Kameniev na final do Campeonato Mundial de Xadrez. No entanto, Piotr e o outro cara levaram o "senhor burguesinho" ao campeonato e ele não fez nada demais a não ser assistir a partida.

Piotr pensava que ele iria tentar envenenar o americano, mas nem isso. Ele só sentou e ficou ali olhando. Sorte que o americano perdeu a concentração, começou a suar, e perdeu o jogo.

Ivan, o outro agente que fez a segurança, acredita que isso foi tudo um plano para desviar a atenção. Ivan confia cegamente na KGB. O importante para Piotr é que ele irá receber por um trabalho que não teve nenhum tipo de risco.

-Quer saber como eu fiz?

Perguntou o Sr. Maklof, no banco de trás do carro enquanto Piotr dirigia.

-Desculpe, senhor?

-Quer saber como eu fiz?

Piotr estava tentando entender.

-Seu amigo aí não pára de se perguntar o que eu devo ter feito na partida.

Piotr acredita que ele se equivocou: "mas, ele não falou nada até agora".

-Ele não falou, mas está pensando nisso.

Piotr não continuou a conversa. Seu ódio aumentou ainda mais. Mais um burocrata metido á ricaço tentando humilhá-lo.

-... Assim como você está pensando que eu sou um "burocrata metido á ricaço tentando humilha-lo".

-O quê? Como o senhor conseguiu isso?

-Existem pessoas que tem certas capacidades, como mover objetos com a mente ou mesmo penetrar na mente de outras pessoas. Eu sou uma dessas pessoas. O governo tem um departamento especial para elas. O que eu fiz hoje é só um treino. Eu bombardeei a cabeça do americano com informações, atrapalhando-o.

Piotr e Ivan estavam boquiabertos. Mas continuavam um pouco céticos. Maklof percebeu:

-Tá certo. Vou provar para vocês: pensem em um nome qualquer, que não seja de ninguém famoso.

Piotr resolveu fazer um esforço e pensou no nome do velho carpinteiro da aldeia em que foi criado. Ele era judeu e se chamava Marc Rodenko ou Rottenko...

-Ivan, você pensou em Martha Mirischa, sua primeira namorada, enquanto Piotr está tentando se decidir se seu vizinho carpinteiro se chamava Rodenko ou Rottenko.

Era a prova definitiva.

-O senhor pode entrar na mente de qualquer pessoa?

-Sim, por isso nosso objetivo é tão importante. Novos espiões assim como eu podem conseguir informações sem correr muitos riscos. Basta apenas se aproximar da pessoa certa.

-Qualquer informação?

-Basta fazê-la lembrar dela sutilmente. Ás vezes, a simples menção de uma palavra-chave ajuda a fazer a pessoa lembrar de algo importante.

Ivan se angustiava assim que percebeu a real dimensão do que fazia parte:

-Mas nós não deveríamos estar falando disso, não é?

-Não se preocupem. Essa missão também é um teste para aprimorar uma outra capacidade minha: apagar mentes...