''  O  CASAMENTO  ''

            Claudete Pelirgino tinha vinte e dois anos, era so' ela e Deus na vida, os pais tinha morrido anos antes em um acidente levando com eles o único irmão que Clau, seu apelido, teve na vida

              Ficou morando com a avo' materna ate' os vinte quando a avo´faleceu e a casa e tudo o que a velha possuia ficou para ela...

              Claudete trabalhava em uma confeitaria desde os dezoito e fazia um ano que vivia de olho no confeiteiro da parte da noite, o Antenor,quando ela saia ele entrava, ela olhava, paquerava, diziam boa noite e ela ia para casa.

               Ela achava ele lindo e gostoso mas sabia desde o primeiro dia que ele era '' amigado'', tinha uma companheira para mais de cinco anos e apesar de o amar em silencio, em segredo, sabia que daquele mato não sairia coelho, nem gato sairia...e o desejo dela era casar de véu e grinalda e neste caso sabia que nada feito...diziam que ele era apaixonado pela amada dele.

               Mas o destino deu uma guinada e ele largou da amada, ele não, ela, fugiu com o visinho, sumiu, escafedeu e o namoro dele e Claudete começou.

                Um ano isto durou, ela para ele se entregou, o amou com toda a sua alma e ele prometia que um dia, um dia ainda com ela se casaria...e de tanto ela atormentar, apertar, ele cedeu, concordou e o dia e hora marcou, cartorio e igreja tudo junto e ele nunca apareceu...ela de noiva dentro do carro na porta da igreja esperando esperando e nada, nadica do noivo..ficou o vestido, a grinalda e a saudades com ela fazendo morada...coitada!!! 

                  E a festa que não houve foi toda aproveitada pelos convidados, menos o bolo, o bolo lindo branco, redondo de treis andares ela levou para casa, colocou no porão, deixou por la' aprodecendo.

                 Vinte e um anos depois

                 Ela agora com quarenta e quatro, parecia mais velha com as roupas que usava, sempre roupas escuras, sem vida, sem alegria, não usava pintura nenhuma e muito menos cuidava ou tratava dos cabelos que ja' estavam ficando cinza de todo lado, no meio, era um cabelo sem vida, sem viço, em um coque amarrado, roupas de golas altas e fechadas e sempre sempre para baixo dos joelhos...

                  Morava na mesma casa, tinha gatos e cachorros por companhia, era sovina, economica, tinha trabalhado duro e subido na vida, tinha estudado e tinha escritorio de contabilidade em uma sala no centro da cidade, tinha muitos clientes e vários empregados, cuidava de tudo com mão de ferro, era autoritaria , mandona, um saco mesmo e diziam que tinha muito dinheiro no banco, guardado, para que ninguem sabia , ja' que solteira tinha ficado depois do casamento fracassado.

                    E um sábado no fim da tarde Antenor na casa dela bateu, ela foi atender, não reconheceu, estava bem mais gordo e bem envelhecido, beirava os cinquenta o danado do fujão e quando ele disse quem era ela apenas ficou olhando, olhando e não disse nada, apenas mandou que ele na casa entrasse...e tudo recomeçou....se amaram adoidado naquela noite e nos dias e noites que a esta noite se seguiram...e foi ele que agora marcou a data de um novo casamento...

                   Ela o vestido e a grinalda da caixa tirou, experimentou, o vestido ficou largo, grande, ela tinha emagrecido bastante nestes vinte e dois anos de agonia, pensamentos e sofrimentos...e o dia de ir para a igreja de novo chegou....ela foi, no carro esperou, ele não apareceu, ela de novo voltou e a vida continuou...

                   Quinze anos depois

                    Quase ninguem no velorio e enterro dela, poucos amigos e conhecidos, alguns funcionários e várias pessoas do asilo que dela tinha cuidade no ultimo ano de vida doentia que passou depois do ataque e derrame cerebral que a paralisou...

                    Estas pessoas do asilo so' vieram por que o Presidente de la' as obrigou, intimou que fossem, eles a detestavam, ela era egoista e mal criada, irritada, ranzinza que ofendia quem dela se aproximava , mas tinha deixado tudo que tinha para a Associação Beneficiente do Lar dos Velinhos desamparados  pela vida, governo e sociedade...um dinheirão ela deixou!!

                    E a casa seria derrubada e o terreno vendido para uma grande construtora para ali um predio de apartamentos erguer, e o Lar dos Velinhos ficaria com dois apartamentos para alugar para rendas apurar, bom negocio!!!

                    E a casa foi demolida, e os operarios foram chegando no final nos alicerces e no porão ,e quando quebraram o cimento encontraram o tal de Antenor por  la' dormindo o sono eterno e junto com ele pedaçõs de madeira que juntando os pedações deu para ver direitinho que eram como uma armação de bolos, daqueles de casamento, de tres andares, rendondo...por que por  ali estaria? e quando montados eram duas as armações, os pedaços de madeira que serviam de suporte para bolo...estranho!! 

                    E os exames mostraram restos de arsenico e veneno de matar rato nos ossos e nos cabelos e tambem na armação de um dos  bolos, e a policia encontrou um caderno, um diario da vida dela, entre tantas outras coisas, que contava tintin por tintin o que ela tinha feito...

                   E muitos dos convidados ainda se lembrando que na mesa da festa do primeiro e tambem do segundo casamento, que não teve casamento, na mesa havia de tudo, menos bolo de casamento e o confeiteiro onde ela tinha encomendado o bolo se lembrava de ter feito, como era, treis andares, redondo, lindo....e quando ela voltou da igreja sem casar tinha mandado os convidados se fartar, comer e beber por sua conta e risco...ele assim fizeram, so' do bolo de casamento não comeram....

                    Antenor, guloso!!!, comeu todinho, comeu  por toda a eternidade, comeu inteiro. O dois bolos, afinal ele tambem era confeiteiro.

             **********************************************

AMELIA BELLA
Enviado por AMELIA BELLA em 02/06/2011
Código do texto: T3009868
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.