Observando o rio
Sentada em seu lugar predileto, na escadinha do píer, só observando o rio. Sentia o ventinho gelado e minuano chacoalhando seus cabelos lisinhos e compridos, enquanto pensava:
- Será que mereço a vida que tenho, sou feliz, que mais posso fazer por mim?
Lembrava da infância em que a rua era das crianças do bairro, e em que distante pessoa se transformou daquela menina...
Não estava deprimida, apenas melancólica e saudosista, talvez dos projetos não atingidos e das metas não traçadas, mas em contra ponto, sentia-se bem e serena!
Sempre foi ativa e determinada, mas nunca soube direcionar bem sua energia, ao menos concluía assim sentada naquela escadinha observando o rio...
Ao longe a voz fininha chamou sua atenção, desprendendo-se dos devaneios e lembranças, olhou pra trás, era sua melhor amiga de infância descendo as escadas, vindo ao encontro dela até o píer, sentou-se e disse:
-Quando vão se casar?
Essa pergunta fez com que sua vida toda passa-se em segundos por sua mente como um flash Bach da morte, fazendo-a retornar aos devaneios e questionamentos íntimos.
Sou bonita, sou inteligente, saudável,então por quê não planejei melhor meu futuro?
Tracei mal meus passos, ou serão eles exatamente como deveriam ser?
Tenho amigos leais. Família sólida e unida, filhos e até um homem maravilhoso disposto a casar comigo... Então, por quê continuo com essa ruga de reprovação por mim mesma na testa?
O que eu preciso fazer para redimir-me? Para aceitar-me e sentir realmente este dito amor próprio que eu mesma não consigo? Onde foi que errei?
- Ei, Cadê tu? Responde pra mim, quando vão se casar?
Então ela volta a realidade, olha pra frente, vê aquele vasto, largo e lindo rio, seguindo sempre seu curso e diz:
- Em breve Adri, em breve, e tu será minha madrinha, aceita?
A amiga emocionada joga-se em seus braços chorando e diz:
- É o maior prazer pra mim meu amor, te amo minha amiga querida e estar contigo nesse momento tão especial já é uma alegria e ser tua madrinha mais ainda!
Abraçadas as duas sobem as escadas em passos solidários e sincronizados...
Ela concluiu, dando uma última olhadinha pra trás vendo o rio seguindo seu curso...
Meu velho amigo Jacuí observar você me traz respostas, sabendo eu de minhas limitações, tal como você, sigo meu caminho, com desvios e obstáculos, mas sigo, e vejo você lindo, assim como me vê esta amiga querida e as pessoas que também me amam. Obrigada!