Cry

Corria no meio da tempestade que cortava sua carne como cacos de vidro afiados e as gotas d’agua escorriam por seu rosto e corpo, misturados com o sangue, deixando uma morta trilha atrás de si.

Ela corria endoidecida, cega de agonia, tentando fugir daquele inferno que queimava-a por completo.

Mal sabia pobre ignorante, inocente no amar sem medidas que por onde quer que ela fugisse, o inferno a perseguiria, implacável, sem dó, sem piedade, pois a misericórdia é concedida apenas por aqueles que nascem , reconhecem e vivem para o verdadeiro amor, pois nele reflecte a luz divina e quem de sua face longe está, em trevas encontra-se.

Seu vestido estava em farrapos e os pés em carne viva e no entanto ela mal apercebia-se

Naquela fuga tresloucada sem coerência e sem rumo... sem saber que o amar assim é loucura para o mundo e perola jogada aos porcos, pois a maldição dos incautos são senhores da cegueira e mestre nos grilhões da compreensão e do perdoar.

Corria sem fôlego, azulada de frio ouvindo a voz dele dentro do seu ser sem trégua alguma, mal sabendo ela que nessa fuga cobarde assinava sua sentença de morte, pois a tribo dos humanos não perdoa e sim rotula e antes d’olhos fechados, a vela não foi encomendada e o caixão já descia a sepultura... era madrugada alta expirando garras de terror e ela de repente fugindo começou a cantar...

- Ave Maria mãe de Deus tende piedade de nós... teus filhos

Ave Maria...tende piedade, piedade, piedade, PIEDADE MÃEEEEEEEEEEEE!!!

Avé, ave,ave...

E de repente o abismo abriu-se sob seus pés e a engoliu, de longe no meio da tempestade, ainda ouvia-se

Avé Maria Mãe de Deus teeeeeeeeeeeeende! Tende... ave, piedade de nós.

E lá foi ela sugada pelo abismo levando sob si a amarca do inferno e a voz que jamais se calaria dentro do seu ser...

Loubah Sofia
Enviado por Loubah Sofia em 25/05/2011
Reeditado em 06/04/2014
Código do texto: T2992803
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