- Não adianta gritar.

Não. Grito eu dentro da minha cabeça.

Não. O grito reverbera e ecoa bem alto, dentro dos limites do meu crânio.

Meus lábios estão selados.

Ouço, em meio ao grito, uma voz, muitas vozes, que ironicas falam:

- Não adianta gritar.

Simples assim. E falam baixo. Não sei como os escuto, talvez eu leia seus lábios, já não sei.

Grito, dentro da minha cabeça. Os meus dentes doem, por que os cerro fortemente, até que doam.

Grito, e prendo minhas mãos nelas mesmas, finco meus pés no chão, levanto a cabeça. O coração corre, descompassado, batendo loucamente.

Grito, e as vozes irônicas se calam. Advinho os meio sorrisos, os olhares de mofa, as mãso que se abanam vagarosamente.

Grito, grito, grito e vejo que as vozes tem razão.