Insano pássaro.
No lugar do coração ele tinha um insano pássaro que sempre escolhia o lugar errado de ser e estar.
Qual boneco sem vontades lutou contra a sanha que dominava a alma presa.
Tentou a receita de um bálsamo improvisado no desânimo dos vencidos; revirou as gavetas de uma alma cansada e rota. Usando os ingredientes que ali restavam, fez-se alquimista de um novo ser. Doravante seria racional e ponderado.
Assim pronto e travestido, olhou-se no espelho das ilusões supostamente banidas.
Riu e chorou. E misto de choro e riso, quedou-se de joelhos frente ao espelho cruel.
Eis que o pássaro do peito saíra, e do espelho, sorria vitorioso.