Não o requisitaram
- Desculpe-me, Wilson, mas não há espaço para você.
Wilson é um menino de paz e amor, que vive preso em casa pela mãe desorientada. Na flor da infância, o pequeno Willy adorava os amigos, mas a inocência se foi. Coitado dele, sentia-se traído por todos que o cercavam. O menino já não acreditava em nada aos treze anos. Um rapaz na pré-adolescência incrédulo e sozinho. Pobre, pobre, Wilson.
Wilson só gostava de uma coisa, escrever. O garoto escrevia do amanhecer ao entardecer. Pequeno Willy anotava em todo lugar, fosse computador ou papel, tudo que lhe vinha à cabeça. O moleque era esperto, no geral, só escrevia crônicas; ele sabia como este tipo de redação é cobrada, o modelo de texto mais complexo.
O garoto gostava de fazer tudo a sua maneira. Wilson não gostava de aceitar os conselhos de terceiros, só alguns da mãe, por obrigação. Menino que gosta de comer e beber de tudo, mas engorda com muita facilidade. Um moleque difícil de classificar.
Wilson usava aquelas camisas sociais muito lavadas, com aparência surrada. Estava sempre com um All Star azul, as Jeans desfiadas e as meias brancas, que não passavam da língua do tênis. Um garoto alternativo, porém, não fora de moda.
Wilson vive até hoje nas garras da mãe, que não o requisita para as caminhadas matinais e as viagens anuais. Convive sempre com amigos, que não o requisitam para brincadeiras ou atividades legais. Mantém relações com o pai, que não o requisita nos passeios do clube em que trabalha. Ele é sozinho. Coitado, ninguém o chama para nada. Ela é parecido comigo. Aliás, igual.