MIL "FRAMES"
Quando da primeira vez que a vi, meu corpo estremecia de tal forma que era impossível manter minhas pernas em posição de sustentar meu corpo, meu suor esvaía-se de mim embora estando o tempo sempre estável ou quase frio. Não ousava proferir uma palavra com o receio de embargar-me a voz e me passar por fraco ou até mesmo andrógeno. Tinha de manter a firmeza, mas meu olhar me traía e meus lábios de conluio com meu olhar denunciavam que alguma coisa estava fora do normal.
E lá passeava ela, qual Valquíria a buscar no campo de batalha a alma dos impávidos guerreiros, sem me notar é lógico. O tempo congelava e tudo o mais corria com lentidão cinematográfica – a mil “frames” por segundo – e eu apenas a olhá-la. O vestido feito à medida lhe caía ao corpo qual partículas de água de uma cachoeira de águas límpidas a expor todas as cores do arco-íris que envergonhadas se escondem a fim de deixar transparecer a linda que cobrem a escultural pequena estrutura.
Seus passos parecem medir a distância exata de cada milímetro que percorre, sem perder a noção exata de onde deve estar e sem dar-se conta do meu olhar que a persegue.
Mas pobre mortal que sou apenas olho e ouço do suave som de seus cabelos ao vento que levam odores perfumados dando vida à selva de concreto armado e cores artificiais. De repente o tempo toma seu curso normal e minha conformidade me alerta de que a vida por ela pára apenas alguns instantes.
Alargam-se outras vinte e quatro horas, até que meu universo estagnado a espera passar, por todos os dias que a vejo meu mundo ganha um colorido especial de cores que apenas na vastidão do universo explodem ao choque de estrelas na via láctea.
Ela é assim, rainha do meu tempo que pára, dona majestosa que comanda Cronos... e cá estou eu novamente, esperando e querendo, rezando e esperando, mas espero, espero e quando a vejo meu mundo pára por ela, e feliz a vejo! Seu nome... Lehar!